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Rede municipal de ensino tem mais de 380 estudantes com TEA; parceria entre família e escola é essencial

No Brasil, segundo a Universidade de São Paulo (USP), a estimativa é que 2 milhões de pessoas sejam autistas.

Rede municipal de ensino tem mais de 380 estudantes  com TEA; parceria entre família e escola é essencial

O mês de abril recebe a cor azul e uma intensa campanha de conscientização sobre o Transtorno do Espectro Autista – o TEA. Porém, o assunto deve ser debatido de maneira constante na sociedade, promovendo um maior conhecimento, inclusão e respeito às pessoas diagnosticadas e suas famílias.

No Brasil, segundo a Universidade de São Paulo (USP), a estimativa é que 2 milhões de pessoas sejam autistas. Em Campo Largo, conforme a Secretaria Municipal de Educação, são 383 estudantes com laudo de TEA, sendo 319 em idade de Ensino Fundamental – Anos Iniciais e mais 64 estudantes nos Centros Municipais de Educação Infantil (Cmeis).

A Folha conversou com a coordenadora pedagógica de Educação Especial, Eliana Speçanilho Gaspareto, que explicou melhor sobre os procedimentos adotados pelo município ao receber estudantes com TEA, bem como outros diagnósticos e/ou deficiências. “Nós enquanto secretaria, acompanhamos por meio das visitas técnicas todo o processo de inclusão de estudantes na rede municipal, mas são as profissionais que estão no dia-a-dia das escolas quem recebe essas crianças e famílias, que farão o primeiro atendimento. Há casos onde os próprios profissionais da Educação percebem que a criança apresenta traços característicos do autismo e conversa com a família, bem como situações em que a criança já vem com o laudo médico. Ainda assim, há todo um procedimento a ser realizado, a escola precisa conhecer aquele estudante e garantir que ele terá um desenvolvimento voltado para a autonomia, sempre respeitando os seus limites individuais.”

Dentro deste procedimento está o estudo individualizado, onde os profissionais que convivem com aquele estudante irão analisar a necessidade de um apoio para realização de atividades como locomoção, higiene pessoal, aprendizagem, socialização, entre outros critérios. Este estudo então é encaminhado para uma equipe multidisciplinar do CEMAE, formada por pedagoga, fonoaudióloga, psicóloga, assistente social, terapeuta ocupacional e fisioterapeuta, que irão avaliar a necessidade de um profissional de apoio pedagógico.

“Nós seguimos recomendações do Ministério Público do Paraná, que visa sempre o melhor para o estudante e isso acontece para todos, independente do caso apresentado. Às vezes o médico dá a indicação de necessidade de um tutor, mas aquele estudante apresenta um desenvolvimento muito bom, interage bem com a professora, com os colegas, está conseguindo acompanhar os conteúdos e a rotina de sala de aula, não tendo motivos para ter um profissional de apoio, que poderia até mesmo afetar esse desenvolvimento de autonomia dele. Lembramos que há dois professores por sala, o regente 1 e 2, que também trabalham com essa criança, além da troca de experiência entre os colegas de sala de aula, que são extremamente proveitosas e incentivadas pelos profissionais da Educação”, explica.

Quando há constatação da necessidade deste profissional no apoio, o fornecimento do mesmo é feito da maneira mais breve possível, ressalta Eliana. Explica que o profissional do apoio está presente para oferecer um suporte para aquele estudante, e que este professor pode atender mais estudantes na sala de aula ao mesmo tempo.

Constante atualização
A professora Eliana ressalta ainda que constantes atualizações aos profissionais da Educação, abordando temáticas de inclusão e Educação Especial, são ofertadas pelo município e a próxima deve acontecer no mês de maio. “Recentemente nós tivemos uma formação sobre o Planejamento Educacional Individualizado (PEI), voltado aos pedagogos, que abordou assuntos relevantes para o dia-a-dia da escola e foi muito proveitoso, de bastante aprendizado. Também tivemos outras oportunidades, e estamos sempre prontos a receber profissionais e famílias que tenham dúvidas sobre este processo ou precisem resolver alguma situação”, completa.  

Parceria família e escola
De maneira geral, a escola e a família têm sempre uma importante parceria a ser firmada, para que haja sucesso na vida do estudante, algo confirmado pela coordenadora. “É uma relação de confiança mútua. Eu trabalho com a Educação há 30 anos e sei o sentimento que está em ambos os lados, mas quando as duas partes atuam de maneira conjunta, o estudante sempre sai ganhando. A família, confiando no trabalho dos professores e equipe pedagógica, e a escola dando a segurança necessária à família, tirando dúvidas e mostrando o trabalho que vem sendo desempenhado. Devemos prezar pela autonomia das nossas crianças, pela independência delas, sempre respeitando a sua individualidade e o seu limite. Estamos sempre abertos ao diálogo, para quem tem dúvidas ou precisa resolver algum assunto pendente”, finaliza.