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Corrida de rua: um esporte democrático e que aproxima pessoas

Um esporte barato e que depende apenas da motivação pessoal para começar. Atletascampo-larguenses apaixonados pela corrida de rua contam suas experiências desde o início da prática.

Corrida de rua: um esporte democrático e que aproxima pessoas

Um bom tênis e disposição em troca de saúde e alegria. Esses são os requisitos para começar a correr e os principais benefícios que serão conquistados em troca. A corrida de rua é um esporte democrático, que qualquer pessoa pode começar a praticar e também um dos que mais conquista adeptos. A Folha de Campo Largo conversou com sete amigos que praticam corrida de rua, e que contaram como começaram a praticar a atividade física e como ela mudou a vida deles.

Às vezes é preciso apenas um ‘empurrãozinho’ para que a atividade se inicie, às vezes pela necessidade, outras pelo incentivo de outras pessoas. Os corredores fazem parte de diversos grupos na cidade e a cada corrida, pessoas diferentes, novas amizades, troca de experiências, lições de vida e todos unidos pela mesma motivação, da paixão de correr e foco na saúde.

Viviane Portella (40) começou a correr quando tinha 12 anos, mas precisou parar aos 17 pela falta de tempo. Há três anos recomeçou a correr com um grupo de seis meninas, principalmente no Parque Cambuí, na Estrada Mariana e no Sereia, aproximadamente 19 km por semana, mas sempre em locais diferentes. Ela já correu uma maratona de 42Km e atualmente tem treinado para 5, 10 e 21Km. Conta que inclusive já correu na Disney, conquistando o 1º lugar nos 5Km, e em maio deste ano vai correr em prova na África do Sul.

A variação de paisagens e terrenos é um dos conselhos dados pelo atleta Hermes Jesiel dos Santos. “Tento variar os caminhos, busco trilhas, por exemplo, para não perder o estímulo e também para melhorar a resistência.” Esse pensamento também é compartilhado pelo veterano Dirceu Busmayer, que há 32 anos está no esporte: “Você pode mudar o percurso onde treina, procurar ter contato com a natureza e escolher onde quer treinar. Com a corrida de rua você acaba conhecendo novos lugares, experimenta a sensação de liberdade”. Ele começou a correr quando ainda servia o Exército e se apaixonou pelo esporte. “Tenho grupos no Whatsapp sobre o assunto. É hoje um dos esportes mais baratos que tem para praticar, além de ser um esporte organizado. É importante manter hábitos saudáveis, como não fumar por exemplo, para não atrapalhar o rendimento”, aconselha.

Foi para ter uma vida saudável que Luiz Antônio Batista (66) começou a praticar corrida de rua. Mais de dez quilos acima do peso, ele se sentia indisposto e se incomodava com o corpo. “Caminhava três horas por dia. Então um dia me perguntei: ‘porque caminhar se eu posso correr?’. Foi aí que eu comecei a correr mais e caminhar menos, intercalando as duas modalidades. Quando apareceu uma competição em Curitiba já me inscrei e depois chamei meus filhos e netos para começarem a correr comigo”, relembra.

O incentivo é um dos principais combustíveis para gerar a motivação. Os outros três atletas começaram a correr porque alguém os incentivou, chamou e insistiu em seus potenciais. Evandro Ribeiro, por exemplo, começou a correr com o seu padrinho, ainda com 09 anos. “Hoje treino em média quatro vezes por semana, cerca de 10 km. Eu aprendi a ter consciência corporal e de alimentação. Não é nada forçado, e sim porque eu sinto que faz bem”, relata.

Os atletas Papaléguas e Norton Pooter foram incentivados pelos seus professores de Educação Física. “Eu tive uma professora que estimulava a vir do Colégio Primeiro de Maio até o parque Cambuí correndo. Ela falava que eu levava jeito para a corrida”, lembra Papaleguas.

“Comecei a atividade ainda no Ensino Médio, e eu tinha um desempenho superior à turma. Na época eu não tinha tênis específico nem conhecimentos sobre alimentação para reidratar o corpo, mas hoje existe muito estudo e informação a respeito. As pessoas se preocupam com a qualidade de vida e eu faço minha parte incentivando meus alunos nesse esporte, e fico feliz quando os vejo praticando”, conta Norton, também professor.

Vá com calma
Os entrevistados dessa matéria já são veteranos na corrida e possuem maior resistência e experiência para correr 20, 30, 40 km. Para quem está começando ou irá começar agora, é importante fazer trajetos menores. “É questão de detalhe para o corredor se machucar. Aconselho sempre a se alongar bastante, fazer treinamento de força e coordenação, e fazer musculação senão o risco de lesão aumenta”, orienta Norton.

“Correr é muito bom, alivia o estresse e também promove a saúde, mas ainda sim eu sempre aconselho a procurar um médico antes de começar a correr. Também é importante iniciar com caminhada para então correr devagar e não se lesionar”, completa Evandro.
“Procuro me inspirar em outros atletas e colocar metas e correr mais. Vejo o cansaço como uma fraqueza que está saindo do meu corpo para me fortalecer ainda mais. No início dói principalmente pelo sedentarismo, mas sempre tem que procurar fazer melhor para não desmotivar”, acredita Viviane.

Saúde em foco

Papaléguas conta que por causa de um acidente no ano passado não pode correr. “Faço fisioterapia todo dia e comecei hidroginástica, porque não vejo a hora de voltar a correr. Acaba se tornando um vício e é complicado ficar sem correr. Em 2009 fui diagnosticado com Neurocisticercose, cheguei a ter convulsão e tive que diminuir a intensidade, pois antes treinava de manhã e à tarde. A orientação médica é para que eu faça atividade física, e eu não vejo a hora de voltar”, conta.

“Eu ministro um curso de corrida na Vila Olímpica, todas às terças e quintas-feiras, gratuitamente, onde ensino várias pessoas. Lá, tenho um aluno que é um policial aposentado, que deixou o sedentarismo de lado e já emagreceu 12 quilos. É surpreendente acompanhar a mudança e evolução deles”, completa Norton.

Maratonas
Todos eles colecionam medalhas e histórias de maratonas que participaram, em diversos percursos e tempos, mas o melhor presente da maratona são as amizades lá conquistadas. “A cada prova pelo menos uma amizade nova, às vezes tão forte que parece de infância. Isso motiva, ajuda, determina”, destaca Viviane.

Segundo ela, todo atleta que se propõe a correr vai precisar de vários pilares para atingir seu obetivo. “Ninguém completa uma maratona sozinho e para fechar bem os 42Km é preciso muito foco, disciplina e determinação, além de abrir mão da vida social (de boa parte dela), dar atenção total aos treinos e sinais do corpo e ter resiliência e excelência. Se tudo sair conforme planejado, haverá um bônus bem gordo lhe esperando após a linha de chegada”. Ela cita pontos importantes a serem seguidos, não só para quem quer correr, mas na vida:

- Ter amor pelo que faz
- Cuidar do corpo
- Ter visão a longo prazo
- Ter estratégia clara de como está e para onde quer ir
- Manter os pés no chão
- Em momentos de dificuldade, manter a calma e esperar que o tempo traga a solução
- Fazer o que deve ser feito
- Não deixar para amanhã o que pode resolver hoje
- Ter e manter humildade
- Não complicar o simples
- E acreditar, que o resultado será maravilhoso.