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Alunos promovem discussão e conscientização sobre Setembro Verde

Foram apresentadas quatro histórias de pessoas que precisaram, precisam ou autorizaram a doação de órgãos e medula óssea. 

Alunos promovem discussão e conscientização sobre Setembro Verde

O mês de setembro promove várias discussões, seja sobre suicídio, Alzheimer e também  doação de órgãos e tecidos (sangue e medula óssea). Com isso, e aproveitando um projeto já existente no colégio, os alunos do 2º ano do Ensino Médio do Colégio Acesso de Campo Largo, promoveram no último sábado (02) um encontro entre pais, alunos e comunidade com quatro personagens: uma mulher que passou por um transplante de pulmão e se tornou corredora, um viúvo que autorizou a doação dos órgãos de sua esposa após a morte cerebral, um casal que não conseguiu encontrar um doador de medula óssea a tempo para seu filho e uma mulher que aguarda um doador de medula.

Participaram do evento mais de 100 pessoas, todas atentas para conhecer um pouco mais de um universo que vai muito além do que está escrito nos livros ou é discutido em sala de aula. Segundo o diretor da unidade, Ivo Lessa Filho, o evento faz parte de uma prática que os colégios da rede adotaram ainda em 2015. “Dentro do colégio temos um projeto que estuda um conteúdo anual escolhido pelos alunos, mas esse assunto vai além da sala de aula, buscamos incorporá-los na sociedade. Podem ser estudados casos que vão desde moradores de rua até a importância dos avós. Neste ano o 2º ano do Ensino Médio escolheu trabalhar com o assunto transplante de órgãos e medula óssea e expandiram para a comunidade”, conta.

Na manhã do último sábado os alunos realizaram o evento, que foi dividido em quatro momentos. Primeiramente participou contando um pouco da experiência de uma gaúcha, Liège Gautério que fez um transplante de pulmão e acabou se tornando corredora após a recuperação da cirurgia. Ela contou um pouco sobre como foi a espera pelo órgão, quando realizou o transplante, a sua recuperação e trajetória no esporte. Além disso, Liège participa da propaganda da Campanha Nacional de Doação de Órgãos.

Outro convidado foi o marido de Frankiele da Silva Zampoli, Muriel Padilha, que foi mantida viva por 123 dias após declarada sua morte cerebral no Hospital do Rocio, até dar a luz aos gêmeos Azaphi e Ana Vitória em fevereiro de 2017. O viúvo contou sobre a autorização da doação dos órgãos de Frankiele.

Para falar sobre medula óssea foram chamados os pais do Anderson Paulart Junior, Anderson e Raquel Paulart. O menino faleceu aos 14 anos, em dezembro de 2015, após sete anos de tratamento e mais de cinco anos na fila de espera por um doador de medula óssea que nunca chegou. Andreia Silva, teve a palavra representando quem ainda espera por um doador de medula óssea. Ela veio do município de Goianésia, estado de Goias.

Segundo o diretor Ivo, os alunos da turma ficaram bem empolgados com o projeto e diz que pretendem não deixá-lo acabar. “Já estamos planejando como continuar com esse tema em específico, pela necessidade que existe em debater ele com a comunidade. O papel da escola não é somente ensinar os alunos conteúdos, mas também práticas de como tornar uma sociedade melhor e garantir seus direitos. É ensinar a saber como fazer, garantindo o exercício de responsabilidade cidadã, construindo e edificando o ser humano”, finaliza.

Angustiante espera

Como bem os alunos trouxeram, não é preciso ir longe para conhecer histórias de pessoas que aguardam um doador para recomeçarem suas vidas longe dos hospitais. A Folha conversou com Meiriele Pereira de Almeida, de 23 anos, que está à espera de um doador de medula óssea.

Meiriele foi diagnosticada em 2013 com Linfoma de Hodgkin, que segundo o Instituto Nacional do Câncer é “uma forma de câncer que se origina nos linfonodos (gânglios) do sistema linfático, um conjunto composto por órgãos e tecidos que produzem células responsáveis pela imunidade e vasos que conduzem estas células através do corpo”. No ano passado foram diagnosticados 2.470 casos novos, sendo 1.460 homens e 1.010 mulheres (2016 - INCA).

A campo-larguense fazia quimioterapia e radioterapia quando a doença reincidiu pela primeira vez. “Tive que fazer mais um protocolo de tratamento, mais intenso e fiz o transplante autólogo, que é quando ele retiram um pouco da minha medula, tratam e fazem o transplante novamente. Fiquei um ano bem e a doença apareceu novamente.

Agora teria que tratar com remédios e fazer o transplante de medula óssea de alogênico, de outra pessoa”, conta. Para controlar a doença, Meiriele teria que tomar um medicamento chamado Ventruximab. Esse medicamento é fornecido pelo governo, mas tem um custo muito elevado. Ela precisa tomar duas doses a cada 21 dias, em que cada dose custa 38 mil reais.

“Eles chegaram a fornecer em agosto do ano passado algumas doses, mas pararam. A equipe foi sincera comigo e disse que sem o remédio e um doador as chances de cura são baixas. O governo consegue comprar com desconto o remédio, porque compra por lote no valor de 14 mil reais cada dose, mas ainda estou sem”, diz.

Desde que foi diagnosticada, Meiriele não sai muito de casa, pois fica cansada muito fácil. Além disso ela é mãe de uma menina de cinco anos. “A única coisa que eu gostaria de pedir é que as pessoas façam o cadastro para se tornarem doadoras de medula óssea. Não é só por mim, mas por milhares de pessoas que estão na fila à espera de um doador. Não é brincadeira, você pode salvar a vida de alguém”, finaliza.

Como ser um doador?

Para doar órgãos basta comunicar a família da decisão. É possível fazer doação de um dos rins, parte do fígado, parte da medula óssea e parte do pulmão. Pela lei, parentes até quarto grau e cônjuges podem ser doadores; não parentes, somente com autorização judicial.

Para realizar o cadastro de medula óssea basta se dirigir a um banco de sangue, preencher um cadastro e retirar cerca de 10 ml para que seus dados sejam incluídos no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome). A Hemepar fica na Travessa João Prosdócimo, 145 - Alto da XV, Curitiba. A Prefeitura de Campo Largo disponibiliza um ônibus todas as últimas sextas-feiras do mês para levar 20 campo-larguenses até o local. Para agendamento de vaga no ônibus e mais informações ligue: 0800-64-31-312. Depois de  realizado o cadastro, mantenha seus dados atualizados.