26-03-2010

"Foi um milagre de Deus, eu ter escapado com vida. Foi um estrondo e o meu filho me agarrou e me tirou à força de casa, se não eu não tinha escapado". O desabafo é de Irene de Fátima Costa (43), mãe de três filhos, o mais velho com 18 anos, que vivia numa casa da Rua Darci Costa, no Jardim Social. Metade da casa caiu num precipício de uns 30 metros, levando quase tudo o que a família tinha. Outras duas casas, ao lado desta, estão com suas estruturas abaladas e as famílias também ficaram desabrigadas.

As chuvas da noite de quarta-feira e madrugada de quinta, causaram estragos também em outros pontos da cidade. Os mais críticos foram um desmoronamento na Travessa da Curva, Bom Jesus, que destruiu uma casa e ameaça mais duas e um alagamento na Rua Maringá, no Rivabem, que também atingiu várias casas. O pessoal do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civi foram mobilizados para socorrer as vítimas.

Chuva
Em cinco horas choveu em Campo Largo mais do que estava previsto para todo o final do mês. A intensidade das chuvas causou alagamento em vários pontos. Na Travessa da Curva, a casa de João Carvalho Neto (50), que mora com a mulher e três filhos, foi atingida pelo deslizamento de terra. Era meia-noite quando a família escutou um estrondo e a casa começou a desabar. Todos saíram e foram para a casa de um dos filhos de João, levando apenas a roupa do corpo.

Na área, a casa de Natanael Batista da Silva (21), um dos filhos de João, e a casa de cima, do mecânico Marcio José de Lima (31), que mora com a mulher e quatro filhos menores, também cedeu. Ele disse à Reportagem que só escutou um estouro, mas não saiu para ver o que havia acontecido. "Só pela manhã nós soubemos que o barranco cedeu e destruiu a casa de baixo", explicou ele, que também teve a sua casa atingida.

Jardim Social
O caso mais graves aconteceu por volta de uma hora da madrugada, na Rua Darci Costa, Jardim Social.             Carlos Augusto Costa (18), acordou assustado com um estrondo, e notou que a casa estava desabando. Rápidamente ele pegou a mãe e a empurrou para fora de casa, acordando também os irmãos menores. Seu gestou salvou a família. A metade da casa foi parar no fundo do precipício, com uns 30 metros de desnível. Toda a cozinha, área de serviço e os quartos, foram parar lá embaixo. Ficou apenas a parte da frente, com a sala, mas mesmo assim pendurada no abismo. Duas casas, a da direita, onde mora Cida Chagas e a da esquerda, de Ricardo Cesar Kerninski, foram abaladas e também estão ameaçadas de desabar.

A reportagem da Folha encontrou as famílias atingidas, na manhã desta quinta-feira, tentando salvar o que sobrou, lamentando os prejuízos.