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Família questiona atendimento e chora perda de Jhon

Segundo o laudo de atestado de óbito do menino, a morte foi causada por uma pneumonia iniciada há cinco dias antes da data do falecimento, dificuldade respiratória e choque séptico

Família questiona atendimento e chora perda de Jhon

A morte do menino Jhon Erick Morais, de apenas 13 anos, após passar por consulta no Centro Médico Hospitalar, causou revolta na população na última quinta-feira (30). Segundo o laudo de atestado de óbito do menino, a morte foi causada por uma pneumonia iniciada há cinco dias antes da data do falecimento, dificuldade respiratória e choque séptico. Segundo a mãe, Rosicleia dos Passos, foram realizados exames de sangue, urina e raio-X um dia antes da morte de Jhon, entretanto, não foram identificadas as doenças.

Rosicleia relatou que a primeira consulta do menino foi feita no dia 22 de novembro, quando ele deu entrada com dores de garganta. A médica que o atendeu receitou Benzetacil e Paracetamol para baixar a febre, que beirava os 42ºC, mas não houve sucesso. Como o menino era acompanhado por uma equipe do Hospital Infantil Waldemar Monastier que atendia na escola que ele frequentava, a mãe preferiu que ele passasse por uma consulta com a médica que já o conhecia, que receitou Amoxilina e pediu exames.

Na terça-feira (28) pela manhã, elas voltaram ao Centro Médico com os resultados dos exames de Jhon, pois ele ainda estava com febre alta. Neste momento foi recomendado que fosse colocado na sonda dele soro caseiro e aplicada uma injeção para enjoo e voltou para casa. Na noite de terça-feira, segundo relato, o menino já apresentava dificuldade respiratória e febre alta que não baixava. “Ele foi colocado na maca e no oxigênio depois de eu ter pedido para a equipe”, relatou a tia do menino, Edimara dos Passos.

O pedido de vaga para internamento na Central de Leitos foi feito somente na madrugada da quarta-feira, momento em que a mãe do menino recebeu a notícia que ele seria transferido na quinta-feira à tarde para Curitiba. Ela argumentou que Jhon já fazia tratamento no Hospital Infantil e a equipe já o conhecia. Sem sucesso, ela então entrou em contato com um vereador, que solicitou interferência da Secretaria de Saúde do município para conseguir a vaga. A vaga foi aberta na quarta-feira à tarde, mas o menino foi transferido somente às 22h por falta de ambulância. Neste meio tempo, foram realizados novos exames de sangue, urina e raio-X, os quais, segundo a equipe, traziam resultados normais.

Ainda com 41,9ºC de febre, Jhon estava desidratado, com a pressão baixa, desenvolveu diabetes e teve febre muscular. Às 6h da quinta-feira (30), a família pediu para que ele fosse internado na UTI, mas como não havia vaga, uma das médicas preparou um quarto com equipamentos para o menino. Ainda pela manhã ele teve a primeira parada cardíaca, reanimaram, mas em seguida teve outra. A equipe do HIWM conseguiu liberar uma vaga para colocar Jhon, às 11h40, quando teve mais uma parada cardíaca. Às 15h quando a mãe chegou o menino teve a última parada cardíaca e acabou falecendo.

 Para a família, a demora no diagnóstico levou à morte do menino e a revolta pelos exames apontarem que estava tudo bem, quando na verdade o quadro estava piorando “a cada minuto”. Já confirmaram que irão entrar com uma ação contra o CMH.

Nota do CMH

“Através deste vimos relatar que o menor Jhon Erick Moraes, 13, portador de sequelas de paralisita cerebral, foi atendido no Centro Médico Hospitalar (CMH) no dia 22/11/17 com queixa de dor de garganta e febre. Realizado anamnese e exame físico, com diagnóstico de Amigdalite, foi medicado com antibiótico e orientado retorno se piora.

Retorna ao Centro Médico Hospitalar no dia 28/11/2017, às 12h05 com quadro de vômitos e febre há um dia. Ainda segundo a mãe foi atendido no dia anterior por especialista em outra instituição que solicitou exames e prescreveu antibiótico. Realizando anamnese, exame físico e sem apresentar sinais de gravidade, foi realizada a medicação intramoscular para vômito e febre, mantida a opção terapêutica da especialista e alta com orientação.

No mesmo dia retorna às 16h45 devido a persistência do quadro de vômitos. Realizado hidratação endovenosa e alta com orientações.

Por volta das 23h30 retorna com queixa de vômitos em borra de café (sugerindo sangramento digestivo), anúria (ausência de urina) e recorrência da febre. Devido ao agravamento do quadro foi pedido exames laboratoriais, induzindo antibioticoterapia endovenosa, oxigenioterapia (devido a insaturação que se iniciou após admissão); solicitado vaga para transferência e cadastrado o paciente na Central de Leitos.

Às 19h30 do dia 29/11/17 saiu a vaga para internamento no Hospital Infantil; às 19h38 solicitado o SAMU para o transporte e transferido, por fim, às 21h15, estável do ponto de vista clínico.

É importante ressaltar que durante o período de observação no Centro Médico, enquanto aguardava a vaga para o internamento, o menor ficou em constante assistência da equipe.”