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Uma história de superação e dificuldades em ser cadeirante

A história de Lorival da Rocha, o Kiko, famoso pelo seu quadriciclo, também faz refletir sobre assuntos como inclusão social e força de vontade.

Uma história de superação e dificuldades em ser cadeirante

20/12/2016

Histórias de superação deixam as pessoas cada vez mais motivadas para realizar conquistas e alçar voos mais altos. A história de Lorival da Rocha, o Kiko, famoso pelo seu quadriciclo, também faz refletir sobre assuntos como inclusão social e força de vontade.

Kiko nasceu em Santa Catarina, mas ainda pequeno foi morar no Sudoeste do Paraná, onde trabalhava na roça. Aos 16 anos foi morar em Guarapuava, cidade onde o acidente que o deixou paraplégico aconteceu. “Eu estava carregando peso quando escorreguei, o peso caiu sobre as minhas pernas e prejudicou muito os nervos. No primeiro ano depois do acidente eu conseguia andar normalmente, mas depois comecei a ter muitas dores na coluna, voltei ao médico e ele constatou uma inflamação nos nervos. Fui encaminhado para o Hospital Evangélico, em Curitiba, quando já tinha 18 anos, e lá passei por sete cirurgias e fiquei três meses internado. Vim morar em Campo Largo com a minha família nessa época”, relembra. “Foi aí que eu fiquei paraplégico. Talvez se tivessem descoberto essa inflamação antes, não tivessem me orientado para andar e forçar ainda mais, isso não tivesse acontecido comigo”, diz.

A primeira sensação descrita por Kiko quando recebeu a notícia foi como “cair no fundo do poço”. “Além da sensação de perder o chão, eu também não sabia como era a vida de um cadeirante. Eu perdi um rim, porque não sabia que pessoas que são paraplégicas devem tomar mais água. Eu fiquei cinco anos só no sofá, até então aprender a trabalhar na cadeira de rodas”, conta.

Foi assim, com o trabalho, que ele superou o acidente e descobriu seu dom: a marcenaria. “Eu penso que, apesar de não ter o movimento das pernas, Deus me deu dois braços e um bom raciocínio. Eu nunca tinha trabalhado com serralheria ou marcenaria, aprendi tudo o que eu sei praticamente sozinho. Hoje a profissão se tornou meu ganha pão”, explica Kiko.

O primeiro móvel construído por Kiko foi um berço para bebê. “Fiz o berço e deixei para montar no dia seguinte. Eu estava na garagem, com a porta aberta e montando o berço, quando passa uma vizinha e pergunta ‘você que fez esse berço?’, eu respondi que sim, então ela falou ‘faz uma cama beliche também?’, eu arrisquei e disse que sim, e fiz. Desde então muitas pessoas vêm até mim pedir para que eu faça móveis para elas. Elas acreditam no meu potencial”, acrescenta.