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Opinião

Campo Largo parece ser o paraíso dos moradores de rua

Campo Largo parece ser o paraíso dos moradores de rua

Nos últimos anos, dezenas de pessoas, oriundas de várias cidades da Região Metropolitana, mas principalmente de Curitiba, passaram a habitar nas ruas de Campo Largo. Prédios comerciais e casas abandonados, marquises de lojas da região central, praças, coreto, em qualquer lugar eles param, sempre em grupo, consomem grandes quantidades de bebidas alcoólicas (estão com uma garrafa, que passa de mão em mão) e pedem dinheiro dos transeuntes.

Incômoda, a presença dos moradores de rua na cidade é um fator de risco, uma vez que há informações de que muitos deles consomem drogas. Ao pedirem aos cidadãos dinheiro “para comprar comida”, muitos são incovenientes, principalmente com moças e pessoas idosas. Há alguns dias a Guarda Municipal abordou um bando deles, que havia ocupado o hall de uma antiga concessionária de veículos, na Marginal da pista velha da BR-277. Alguns, então, passaram a dormir nas ruas mais ao centro da cidade, temendo por nova ação da GM naquele local. O problema apenas mudou de endereço.

Na festa da padroeira de Campo Largo, nesta quinta-feira (02), dezenas deles estavam na Praça da Matriz. Desde cedo, consumindo bebidas alcoólicas e se oferecendo para guardar os carros das pessoas que chegavam para as missas e para a solenidade cívica. Era quase um dever, dos motoristas, dar algum trocado para eles, mais pelo temor de ter os carros riscados ou uma lanterna quebrada.

Chegando mais perto de uma turma desses moradores de rua, é possível ouvir muitas histórias. Se alguém perguntar de onde eles são, dizem com tranquilidade que são de outra cidade e que estão aqui porque aqui o povo é bom, dá comida e dinheiro, e ninguém os incomoda. Uma mulher, que estava no meio, reclamou que não gosta de ficar com o grupo que foi expulso pela GM da antiga concessionária de veículos, na marginal, “porque lá só tinha “noiado” (viciado em drogas) e que não dava para conviver com eles”. Disse que gosta de ficar em Campo Largo porque, quando as coisas apertam, consegue, com facilidade, abrigo, comida e até passagem para voltar para sua cidade.

A ideia de Antoine de Saint-Exupéry, no livro O Pequeno Principe, de que “és responsável por quem cativas”, parece se encaixar perfeitamente bem nessa história, uma vez que, o bom tratamento, a hospitalidade e o bom coração dos campo-larguenses, acabam atraindo, cada vez mais, moradores de rua para nossa cidade. Somos responsáveis por eles, mas precisamos encontrar uma saída para retirá-los das nossas ruas, dar moradia, talvez, quem sabe emprego, para que eles possam mudar de vida.