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Opinião

Favoráveis e contrários às ocupações de escolas

Não haveria Democracia se o mais simples direito, o de opinião, não fosse livre. A liberdade é a base de uma Nação justa e democrática.

Favoráveis e contrários às ocupações de escolas

03/11/2016

Os estudantes têm todo o direito de manifestar, livremente, suas opiniões. Devem ser ouvidos pela sociedade e pelas autoridades, e suas reivindicações atendidas na medida da Lei e da Justiça. Não haveria Democracia se o mais simples direito, o de opinião, não fosse livre. A liberdade é a base de uma Nação justa e democrática. Cada indivíduo deve ter o seu direito assegurado, como o é, pela nossa Constituição, de ir e vir, de se expressar, de ser ouvido, de se manifestar contra ou a favor de qualquer assunto.

O meu direito, entretanto, termina quando começa o seu direito. Se não observarmos esse pequeno detalhe, certamente estaremos sendo injustos, antidemocráticos, autoritários. Não pode o meu direito de protestar contra o governo, por exemplo, cercear sua liberdade, de trafegar por uma rua ou estrada, que são vias públicas e, por isso, precisam estar desimpedidas. Uma criança ou um outro cidadão qualquer pode estar necessitando passar para chegar a um hospital. A interrupção da passagem pode lhe custar a vida. Quem será responsabilizado por esse crime?

Um estudante foi assassinado por um colega, no interior de uma escola ocupada. Poderia, o crime, ter acontecido na rua, na esquina, mas aconteceu dentro da escola onde ambos participavam do protesto contra as medidas do Governo Federal, que colocam limite nos gastos públicos e propõem alterações na grade curricular do Ensino Médio. Mataram o rapaz. Quem é o responsável por esse crime?

Ocupadas as escolas, milhares de estudantes, principalmente os concludentes do Ensino Médio, perdem imensas oportunidades de melhorar suas notas no Enem, nos vestibulares. Perdem importantes informações, dos professores, sobre o que poderiam encontrar nos exames, desde atualidades às complexas questões de Física, Química, Matemática. E podem, por pequenos detalhes, não atingirem a nota mínima, a Nota de Corte do curso escolhido. Decepção, um ano perdido, o futuro ameaçado. E quem poderá responder por esse crime?

Em cada escola ocupada, dez, 20 estudantes, que passam noites difíceis, em colchonetes, muitas vezes com agasalhos insuficientes, alimentação precária, em geral apenas macarrão e ovo frito ou salsicha (vina). “A ‘professora’ que traz para ajudar”, explicam. Esta, a “professora” não pertence à escola, os estudantes não a conhecem, sabem apenas o seu nome, o número do seu telefone. “Ela traz a comida, fala que nós temos o direito de ocupar e pronto”. Esta é a questão.