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Opinião

Quem vai pagar a conta da reforma da Previdência?

Quem vai pagar a conta da reforma da Previdência?

Lembram do Inamps? Pois bem, o Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social era responsável pela Assistência Médica dos trabalhadores que contribuíam com a Previdência Social. Quem não contribuía não poderia acessar o serviço. Mas o trabalhador tinha, com muita facilidade e quase sem filas, acesso a consultas médicas de qualidade, exames até os mais caros e medicamentos.

Criado pelo regime militar, em 1974, o Inamps era o desmembramento do INPS, hoje INSS. O Inamps possuía estabelecimentos próprios, médicos próprios, clínicos gerais e especialistas em todas as áreas. Quando o trabalhador não encontrava atendimento para sua saúde nos seus estabelecimentos, o próprio instituto o encaminhava para um hospital ou clínica especializada, particular, e bancava todo o tratamento. Além de bem atendido quando necessitava de tratamento médico, o trabalhador tinha outros benefícios de fácil acesso, e inclusive aposentadoria, após 30 anos de contribuição.

Mas, como tudo no regime militar era “perverso”, o movimento da Reforma Sanitária, que nasceu no meio acadêmico no início da década de 70, logo se posicionou técnica e políticamente a favor de mudanças e pela universalização dos serviços de saúde no País. Com o fim do milagre econômico, veio a crise do financiamento da Previdência Social, com repercussões sérias sobre o Inamps. Ao longo dos anos 80, uma série de mudanças levou o Governo à criação do SUS - Sistema Único de Saúde, em 1990, universalizando o atendimento e retirando do Inamps recursos e a função de prestar serviço ao trabalhador. O Inamps foi extinto em 1993. A partir daí o INSS cuida, apenas, da aposentadoria do trabalhador, além dos direitos a auxílios doença, maternidade, e outros. Com as mudanças, o Governo descarregou, no INSS, a função de prestar todos os serviços de aposentadoria, até mesmo de quem nunca havia contribuído para tal. E de onde se tira, e não se põe, a Previdência Social vem, desde aquele tempo, acumulando déficits sobre déficits, até chegar a cifras astronômicas que, hoje, ameaçam o futuro do trabalhador. Agora vem o Governo, novamente, propondo mudanças para “salvar” a Previdência Social. Quer aumentar o tempo de contribuição para aposentadoria, retirar benefícios de quem paga, mas não fala em fiscalizar as aposentadorias absurdas de centenas de políticos e alguns servidores públicos que acumularam “direitos” que o trabalhador, que contribui durante toda a sua vida, não tem. Cobrar das empresas bilhões que devem ao INSS, não se fala. Se falta dinheiro, alguém tem que arranjar. E quem vai pagar a conta? Novamente o trabalhador?