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Saúde

Feto é operado dentro da barriga da mãe

11-11-2009

Um feto de 28 semanas de gestação teve uma válvula do coração desobstruída dentro do útero da mãe.

Feto é operado dentro da barriga da mãe

11-11-2009

Um feto de 28 semanas de gestação teve uma válvula do coração desobstruída dentro do útero da mãe no dia 3 de novembro no Hospital Cardiológico Costantini, em Curitiba. O procedimento, chamado de valvuloplastia aórtica intra-útero, foi o primeiro realizado no Paraná.

Segundo o cardiologista Cos­tantino Roberto Costantini, que comandou a equipe durante a in­­tervenção, o bebê, chamado Pie­tro, não sobreviveria até o fim da gestação se o procedimento não tivesse sido realizado.

A válvula foi desobstruída por um pequeno balão – de 1 centímetro de comprimento – introduzida por uma agulha fina que passou pelo abdome e pelo útero da mãe até chegar ao coração do bebê. O balão deslizou por dentro da agulha e alcançou a válvula obstruída onde foi inflada – até chegar a 2,5 mm de diâmetro. Assim que a válvula foi aberta, o balão foi desinflado e retirado. Todo o procedimento, que durou cerca de duas horas, foi guiado por um aparelho de ultrassom. “É uma técnica rápida, mas muito delicada, que envolve a participação de uma equipe multidisciplinar bem preparada e de infra-estrutura moderna”, explica Costantini. Além de Costantini, especialista em intervenções, fizeram parte da equipe um cardiologista pediátrico, especialistas em ecografia cardíaca fetal, ecografia geral e punção.

Esse tipo de procedimento é raro. No Brasil, até então, só foi realizado em São Paulo e no Rio Gran­de do Sul. Nos Estados Unidos, apenas 80 valvuloplastias foram realizadas desde que a técnica começou a ser aplicada, há cerca de cinco anos.

A mãe de Pietro, a professora Ísis Tatiana de Andrade, 30 anos, descobriu que o bebê estava com problemas há pouco mais de um mês, graças à realização de exames de cardiologia fetal. Ela veio de Telêmaco Borba para realizar a intervenção. “Nos disseram que a técnica envolvia muitos riscos, mas que era a única esperança de mantê-lo vivo. Por isso, não pensamos duas vezes em tentar salvá-lo”, conta.

Embora a situação do bebê seja estável, o seu estado será monitorado com cuidado até o fim da gestação. Ísis terá de vir toda semana a Curitiba para a realização de novos exames. “Também é provável que ele tenha de se submeter a outros procedimentos após o nascimento”, completa Costantini.

Fonte:Gazeta do Povo