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Saúde

Câncer infantil pode ter boas chances de cura se diagnosticado no início

Se receber a notícia de que você está com câncer já é difícil, imagina saber que há um filho, neto, sobrinho, afilhado, que ainda é criança, com a doença

Câncer infantil pode ter boas chances de cura se diagnosticado no início

Se receber a notícia de que você está com câncer já é difícil, imagina saber que há um filho, neto, sobrinho, afilhado, que ainda é criança, com a doença? Essa é uma situa­ção que muitos pais enfrentam, mas, com o avan­ço da Medicina, a esperança da cura e o diagnósti­co precoce, muitas crianças podem ser salvas.

Segundo a Dra. Ana Paula Pedro Bom, mé­dica hematologista e cancerologista pediátrica, ainda não há estudos conclusivos sobre que pode causar o câncer infantil, mas há suspeitas de que agrotóxicos ou poluição sejam fatores influencia­dores. “Os casos mais recorrentes nas crianças são as leucemias, tumores que atingem o Sistema Nervoso Central e os linfomas. Há sintomas que podem ser comuns a todos os pacientes, que in­cluem indisposição, palidez, perda de peso, cansa­ço e febre persistente sem causa aparente. Esses casos devem ser investigados com mais cuidado pelo pediatra ou, preferencialmente, encaminha­do a um hospital ou especialista que possa dar um suporte.”

Leucemias

As leucemias que mais atingem as crianças e adolescentes são a Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA) e a Leucemia Mieloide Aguda (LMA). A primeira é mais comum em crianças pequenas, já a segunda se mostra mais presente em pré-adolescentes e adolescentes.
“Na LLA a criança começa com fraqueza, cansaço, dores no corpo – principalmente nas pernas e que piora muito, algumas crianças chegam a parar de andar. Ela também pode apresentar febre que não cede, ínguas em vários locais do pescoço, próximo da mandíbula, além de sangramentos e manchinhas vermelhas ou arroxeadas na pele, conhecidas como petéquias. Ela é menos agressiva e apresenta boas chances de cura, entre 70 e 75%, dependendo da resposta do paciente”, diz.
 
“Já a LMA é mais agressiva e a maioria apresenta sangramento na gengiva, cansaço, fraqueza e febre. Por ser mais agressiva, as chances de cura são de 55% a 60%, também dependendo da resposta do paciente. Nesse caso, pode existir indicação para transplante de medula óssea já no início do tratamento, para a LLA em caso de reincidência”, explica.
O diagnóstico é feito por hemograma completo e coleta do líquor (líquido localizado na medula do paciente) para análise laboratorial. Os tratamentos para leucemias são bastantes agressivos, com quimioterapias fortes e que podem deixar o paciente internado. A duração é de dois anos e meio, com exames para verificação da resposta.
 
Tumores no crânio e cérebro
 
“Os sintomas são dores de cabeça que vai piorando muito, inclusive manifestando vômitos. O crescimento do tumor cria uma pressão dentro da cabeça da criança, o que pode gerar dificuldade para andar, fraqueza, paralisias. Dependendo da localização do tumor podem gerar alterações na visão ou perda de visão, e também perda de peso”, diz.
A médica explica que o raio-x não consegue identificar o crescimento do tumor e o exame a ser feito é a ressonância magnética. Caso o médico pediatra suspeite, deve encaminhar a criança a um hospital ou especialista que possa dar suporte até a constatação e início do tratamento. Os tumores podem ser malignos ou não, mas ambos exigem tratamento e atenção.
O tratamento é feito por meio de quimioterapias e radioterapias intensas e agressivas, principalmente no início, para diminuir o tamanho e, se possível, é encaminhado para cirurgia. Se não apresentar metástase em outros órgãos (quando o câncer se espalha), as chances de cura são entre 60% e 70%.
 
Linfomas
 
Os linfomas podem ser divididos entre Hodgkin (LH) e Não-Hodgkin (LNH). O primeiro atinge em sua maioria crianças acima dos 09 anos e o segundo crianças menores.
O LNH é bastante agressivo e pode apresentar sintomas diferentes, dependendo da região atingida, mas os mais comuns são aumento de tamanho dos linfonodos, aumento de volume abdominal, sensação de saciedade, falta de ar ou tosse, febre, perda de peso, sudorese e fadiga. O tratamento consiste em quimioterapias intensas e as chances de cura são de 70%.
Já o LH apresenta sintomas como inchaço indolor dos gânglios linfáticos do pescoço, axilas ou da virilha, fadiga persistente, febre e calafrios, sudorese, perda de peso, tosse, perda de apetite. Esse tipo de linfoma responde bem às quimioterapias e, em altas doses, já nos primeiros meses pode ser controlado. Se já estiver espalhado, a criança pode ser submetida à radioterapia. As chances de cura, dependendo do diagnóstico, pode chegar a 90%.
 
Hospital Pequeno Príncipe
 
O Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, é o maior hospital pediátrico do país e 70% dos seus atendimentos são pelo SUS. Segundo informações do hospital, o Serviço de Oncologia e Hematologia do Pequeno Príncipe é o maior do Paraná e atende crianças e adolescentes há 50 anos. Anualmente, cerca de 120 novos pacientes chegam para ser atendidos na instituição, que oferece tratamento completo e multidisciplinar, como atendimento psicológico e odontológico. Cerca de 65% dos pacientes atendidos no setor são vindos da Região Metropolitana de Curitiba e de outros municípios de todo o país.