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Opinião

Para onde vamos?

Para onde vamos?

18/11/2014

Por Willian Fermino da Silva*

“Para quem não sabe para onde vai, qualquer caminho serve”. Palavras simples, tiradas do livro de Alice no País das Maravilhas do autor britânico Lewis Carroll, mas que dizem muito nos tempos atuais do Brasil.

Tenho a impressão de que os rumos tomados no Brasil se encaixam como uma luva nesta situação, e a culpa desta desastrosa odisseia na escuridão são dos que o controlam e governam.

E quem realmente controla o país? Antes de colocarmos a culpa nos governantes (já chegamos lá!), parte de o país estar perdido, sem rumo seguro, deve-se a própria parcela da população brasileira que é incapaz de pensar em coletividade e não se interessa pela economia nacional, pela inflação ou pela honradez nas práticas políticas de quem elege. Parcela esta que compactua com a corrupção para garantir seus interesses egoístas e mesquinhos preservados e, oportunista, vê, na desgraça, a perpetuação das ineficiências e incompetências dos outros, não enxergando as suas próprias.

Não é para menos que somos representados por figuras tão ilustres, verdadeiros coronéis da democracia (perdoem-me o paradoxo) ganhando votos desde com a coação até com o populismo na sua face mais sórdida e vil.

Se paga pela incompetência ao votar.

Com relação aos governantes, parece-me que possuem prazer em apelar para a inocência dos brasileiros (e alguns acabam entrando no jogo). Exemplo disso é a inflação, que foi tão negada pelo Governo Federal, mas, assim que se acabou a eleição, a taxa SELIC foi elevada 0,25 p.p. Ora, só se eleva a taxa quando se quer reduzir consumo e, por conseguinte, reduzir inflação. Ou será que a inflação apareceu só depois das eleições?

O superávit primário virou déficit primário de 15,3 bilhões de reais acumulado de janeiro a setembro de 2014, segundo o próprio Banco Central. A balança comercial brasileira, de janeiro a outubro de 2014, já acumula déficit de 1,8 bilhão de reais.

O Governo Federal falou em fortalecimento dos bancos públicos, mas, conforme divulgou a Agência Reuters de notícias, o Ministro da Fazenda sinalizou, agora, no início do mês de novembro, uma diminuição no papel dos bancos públicos com eventuais reduções de subsídios financeiros. Além disso, o BNDES, responsável por financiar projetos importantes para o Brasil, pode reduzir seus financiamentos se o governo não injetar 30 bilhões de reais na instituição ainda em 2014 (pelo jeito o dinheiro foi todo para a Copa, em estádios fadados ao abandono, como Arena Pantanal ou da Amazônia).

O Brasil está em uma ditadura disfarçada de democracia, com um Estado aparelhado, intocável, sustentado por uma massa eleitoral conivente ou dependente, com um governo que usa o discurso de esquerda como justificativa para salvaguardar corruptos e inviabilizar o sistema econômico nacional. E o projeto já começou! Por onde? Por onde todas as ditaduras começam: pela informação distorcida da realidade, depois pelo controle absoluto do Estado.

Não duvido que, daqui a alguns anos, seja o país uma “República Bolivariana”, onde o STF será comandado apenas por indicações da esquerda que se diz “dos trabalhadores” (haja vista, hoje, dos 11 ministros da Suprema Corte, 8 são indicações de presidentes petistas), onde a Câmara dos Deputados seja substituída por “conselhos populares” vinculados ao Executivo e que a oposição seja castrada nas suas funções e perseguida, assim como já é em nossos vizinhos chavistas.

Bem... Agora basta esperar para ver para onde vamos... Espero que ainda dê tempo para fazer algo antes que cheguemos a ser um rebanho de democracia completamente conduzido por lobos da ditadura disfarçados.

* WILLIAN FERMINO DA SILVA, especialista em Controladoria pela UFPR, consultor de empresas e professor universitário dos cursos de Gestão de Negócios, Administração de Empresas e Ciências Contábeis na Uniandrade.