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Campo-larguense faz do mundo sua nova morada

O advogado Cezar Marzani reside na Europa há pouco mais de um ano e não pretende voltar a morar no Brasil

Campo-larguense faz do mundo sua nova morada

O sonho de morar fora do Brasil está nos planos de pelo menos 62% dos brasileiros com idade entre 16 e 24 anos, segundo sondagem realizada pelo Datafolha. Em meados de 2017, estima-se que pelo menos 1,6 milhões de brasileiros estavam de fato morando fora do país. Nessas estimativas, o campo-larguense Cezar Marzani se encaixa perfeitamente.

“Na verdade eu sempre quis morar fora do Brasil, isso sempre chamou muito a minha atenção. A minha ideia era fa­zer o intercâmbio para melhorar o meu inglês e voltar ao Bra­sil, mas depois que eu experimentei a vida fora do país, que é completamente diferente, pretendo não voltar mais”, conta o advogado Cezar Marzani.

Segundo ele, a vontade se intensificou depois que seu ir­mão foi morar em Dublin, na Irlanda, em 2015, e sempre con­tava das facilidades de morar fora do país. “A cidade é muito segura, você pode caminhar tranquilamente pelas ruas à noi­te ou na madrugada, sem ter medo de ser assaltado. O país é menos burocrático, para abrir uma empresa, por exemplo, você precisa de poucas semanas. A cultura é outra, são mais liberais, mas ainda assim respeitam a opinião do outro, são poucos julgamentos”, ressalta.

Morando fora, ele percebeu que a Irlanda é uma opção bastante viável para brasileiros. “O país recebe tantos bra­sileiros que é possível você conseguir conversar tranquila­mente com as pessoas na língua portuguesa, você consegue aprender o inglês no curso mesmo. Tanto a Irlanda como Mal­ta são lugares baratos para o intercâmbio, então são boas op­ções, além de você conseguir estudar e trabalhar ao mesmo tempo”, conta. Neste período, além do inglês, com o conta­to com outras culturas ele pode aprender a falar italiano, co­nhece os idiomas alemão, russo, coreano e francês. Uma das partes mais difíceis é se adaptar ao clima, que tem vento mui­to gelado e neve.

Apesar da maioria dos brasileiros pensarem em saúde de primeiro mundo, Cezar conta que tudo é pago. “Eu precisei ir ao médico uma vez, mas mesmo pagando tive que esperar umas dez horas para ser atendido. Não é por ordem de chegada, mas sim por emergência. Você ganha uma classificação na hora da triagem e precisa ficar esperando sua vez. Não é barato tam­bém pagar as consultas. Pacientes que chegam de ambulância são prioridade sobre qualquer outro caso”, conta.

Para que conseguisse morada permantente na Europa, Cezar precisou comprovar sua ascendência italiana, por isso precisou morar na Itália por três meses. “Eu reuni todos os do­cumentos que comprovavam que eu tenho familiares que vie­ram da Itália para o Brasil, guardei um dinheiro e fui morar lá. Essa parte é a mais complicada, porque por esse período não é possível exercer qualquer tipo de atividade remunerada. O que contribui é o custo de vida que é mais baixo, então com pouco mais de três mil euros eu consegui passar esse pe­ríodo tranquilamente. Agora que tenho a cidadania europei­ra, posso trabalhar, estudar e montar meu próprio negócio no meu país de morada, no caso a Irlanda, o que é o meu próxi­mo objetivo”, diz.

Apesar da sua formação em Direito pela Pontifícia Uni­versidade Católica do Paraná e a manutenção da sua inscri­ção como advogado na Ordem dos Advogados do Brasil, ele optou por não exercer a profissão mais. “Eu posso fazer um curso na Irlanda, como um complemento da minha faculdade, a under graduation, para advogar no país, mas esse não é o meu objetivo por enquanto. Pretendo começar meu próprio negócio em sociedade com o meu irmão”, revela.

Nesse período ele trabalhou em lojas, como vendedor, e contou que mesmo com um salário mínimo é possível viver bem. “Os salários não são exageradamente altos, mas condi­zente com a realidade dos preços dos produtos. Você conse­gue custear suas necessidades básicas, bancar lazer e ainda guardar uma quantia em dinheiro para hobbies. Eu, por exem­plo, gosto muito de viajar e ali há uma facilidade imensa para ir aos outros países por ser muito perto e muito barato. Com três horas de trabalho você consegue dinheiro suficiente para pagar ida e volta à Escócia, por exemplo”, retrata.

11 países

Aproveitando a facilidade, Cezar conheceu 11 países: Irlanda, Itália, Escócia, Alemanha, Rússia, Espanha, Fran­ça, República Tcheca, Holanda, Marrocos e Estados Unidos. “Tive a oportunidade de assistir os jogos da Copa do Mun­do na Rússia este ano, e pude perceber que a Rússia é um país extremamente seguro, limpo e organizado. Mesmo nos pontos de concentração de torcedores, quase não se via lixo no chão. As pessoas são muito educadas e parecem com os brasileiros no quesito receptividade, são simpáticas e amoro­sas”, conta.

Para 2019, já estão nos planos de viagens conhecer o Reino Unido, Portugal, mais da Espanha e Bélgica. Para 2020, ele pretende realizar o Asia Tour, que inclui Japão, Tai­lândia, China e Singapura.

Nessas viagens ele pode conhecer ou pelo menos ver de perto personalidades como David Guetta, Cole Cron (lu­tador), além da realeza Príncipe Harry e a Duqueza de Sus­sex Megan Markle.