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História de luta

Irmãs mostram a vontade em viver  por bonitos gestos, palavras e risos

História de luta

     Daiane Caroline (10) e Bruna (7) são as joias raras da família Morais, com uma história de luta desde o nascimento, elas mostram a cada gesto uma superação. Adoradoras de música sertaneja, uma das maiores distrações das duas irmãs é ouvir rádio.
     Durante algumas horas ao lado de Daiane e Bruna o que mais se viu foi carinho por parte do irmão Ariel, da mãe Roseli e do pai Ari, o irmão mais velho, Marciel, também é muito amoroso com as irmãs, e todo dia antes de ir trabalhar faz questão de visitá-las. Roseli comenta que com a vinda das duas garotas os filhos amadureceram muito e passaram a dar ainda mais valor a vida.
     Daiane nasceu de sete meses com 1kg 600g, apesar do pouco peso o médico liberou mãe e filha para retornarem ao lar, mas em pouco tempo a garota começou a apresentar reações e foi confirmado paralisia cerebral parcial, o que afetou os movimentos das mãos e das pernas, para a família uma negligência médica. Após o nascimento de Daiane, Roseli tinha marcado a laqueadura, mas com a correria entre hospital e casa a cirurgia precisou ser cancelada. Só entre hospital e casa, foram oito meses.
     A menina de cabelo e olhos escuros e pele clara, como ela mesma diz de veludo, sonha em ser radialista, adora ouvir rádio principalmente a programação das emissoras locais. A garota que já sonha com um futuro profissional frequenta a escola há sete anos, durante cinco anos no Centro Municipal de Atendimento Especializado (Cemae) e há dois anos está na Escola Municipal XV de Outubro na classe especial, com outros quatro alunos e tem preferência pela disciplina de Língua Portuguesa e adora pintar. Os professores da escola elogiam a princesinha da família Morais pela sua dedicação e superação. A distância de casa a escola é curta, pouco mais de 100 metros, pelas limitações em andar, Daiane precisa usar a cadeira de rodas, mas nem mesmo a rua de pedra faz ela reclamar do percurso diário. Mas para a mãe a cidade tem pouca acessibilidade e o comércio não está pronto para atender os deficientes físicos.
     Para ajudar no tratamento, uma vez por semana Daiane faz fisioterapia e hidroterapia. O seu quadro clínico é estável e acompanhado por uma equipe médica do Centro de Neuropediatria (Cenep) de Curitiba. A garota já passou por cirurgias para a colocação de platina e parafuso no quadril, e no início de 2010 está marcado um retorno ao ortopedista.

Os risos comoventes
de Bruna
Bruna é a caçula da família, estuda no Cemae a tarde e uma vez por semana faz fisioterapia e hidroterapia, e Rose é quem a acompanha na piscina. Rose brinca que ela é ao mesmo tempo mãe, babá, professora, dona-de-casa e sempre está disposta a ajudar no que for preciso às filhas.
A pequena Bruna nasceu com glaucoma, em casa após o nascimento começou a ter reações, ao ser levada ao hospital verificou-se que a taxa de glicose estava muito baixa. Bruna permaneceu em coma durante sete dias e em poucos meses foram diagnosticados microcefalia e cardiopatia. Com oito meses de idade, Rose percebeu que Bruna não queria sentar e engatinhava com dificuldade. Hoje a primeira filha do casal estaria com 23 anos, as três meninas tiveram problemas de saúde diferentes e por isso não foi diagnosticado problema genético.     
Bruna iniciou o tratamento no Hospital Evangélico pelo Sistema Único de Saúde (SUS), Rose comenta que não recebeu um atendimento de qualidade, e então decidiu procurar ajuda no Hospital Pequeno Príncipe. A garota tinha pneumonia, muitas crises e chorava muito, os médicos suspeitavam que ela tinha problema na principal artéria do coração, a aorta. Aos oito meses Bruna realizou uma cirurgia de cerca de oito horas para reconstituir a artéria aorta e permaneceu na Unidade Intensiva de Tratamento (UTI) durante 40 dias. A mãe diz que o choro foi trocado pelo riso, o melhor modo de Bruna se expressar. Mesmo após a cirurgia Bruna precisava ser levada constantemente ao hospital, “agora faz três anos que ela não é internada, já precisou tomar 13 tipos de medicamentos, hoje ela só toma dois”, comenta a mãe. Mas Bruna usa um colírio que custa R$80, um valor alto para a família em que duas pessoas trabalham. Rose não mede esforços para poder estar perto dos filhos, e duas frases fazem parte da sua vida “reclamar não resolve o problema de ninguém” e “Deus dá as ferramentas, basta a gente usá-las”. Rose sonha com um carrinho especial para Bruna, para lhe proporcionar maior conforto.