Sabado às 27 de Abril de 2024 às 02:02:59
EM CAMPO LARGO 17º | 28º
Geral

Taxa Selic em baixa oportuniza maiores chances de adquirir casa própria

Baixa histórica da taxa Selic, com média de 0,526% ao mês, pode aquecer o mercado imobiliário. Economista e empresário do ramo imobiliário explica quais as ligações entre os juros pagos nos t&ia

Taxa Selic em baixa oportuniza maiores chances de adquirir casa própria

A manutenção da taxa Selic em 6,5% ao ano foi anunciada pelo Banco Central no último dia 31 de outubro, mas grande parte da população bra­sileira ainda não sabe como essa taxa acaba influenciando os vários setores da economia e também o mercado imo­biliário.

Daniel de Brito, economista e empresário do setor imo­biliário, explica que a taxa Selic é estabelecida pelo governo federal para venda de títulos públicos. “A partir do momen­to que você comprou um título público do governo, ele está disposto a pagar uma taxa de juros sobre o valor da compra. Esses títulos são emitidos, geralmente, quando precisa de recursos para construções públicas e ele já não tem dinhei­ro captado em imposto, utiliza essa venda de títulos para conseguir arrecadar um montante.”

Dentro do mercado imobiliário, a interferência não se­gue de maneira direta, pois os índices de financiamento imobiliário não são atrelados à taxa Selic. Entretanto, Da­niel explica que o recurso destinado ao financiamento imo­biliário, em sua maioria, vem da poupança, por isso quanto maior a taxa Selic, menor o recurso aplicado em poupança, porque o governo oferece outras opções de investimentos mais atraentes aos investidores.

“Se eu sou um investidor e tenho dinheiro, ao invés de eu aplicar na poupança, eu parto para um título público, que vai me gerar um rendimento maior e será mais seguro até que a poupança. Se eu tirar esse dinheiro da poupança e in­vestir em títulos públicos, o banco tem menos recursos para emprestar ao financiamento imobiliário. Assim, se tem me­nos dinheiro, o ‘preço’ do dinheiro, ou o valor de venda des­te empréstimo é maior, ocasionando em uma taxa de juros maior para o financiamento imobiliário. Isso afeta não so­mente a Caixa Econômica Federal, mas também todos os bancos”, explica.

Sabendo disso, quem está interessado em adquirir um imóvel também deve ficar atento a essa informação. “A redu­ção da taxa Selic, que estava em 14% e agora está em 6,5%, causa inversão nesta preposição apresentada. Ou seja, quan­do o governo oferece um valor menor sobre o título público, muitos investidores acabam optando voltar para a poupança, então com o aumento deste recurso existe maior crédito para emprestar e a cobrança da taxa de juros é menor”, diz.

Daniel apresenta alguns juros apresentados pelos prin­cipais bancos e que podem ser atraentes para quem pre­tende adquirir um imóvel. A Caixa Econômica Federal, por exemplo, baixou seu juro para financiamento imobiliário de 10,25% para 9% ao ano, o Banco do Brasil passou de 9,24% para 8,89%, assim como os bancos Itaú, Santander e Bradesco também apresentaram queda.

O comportamento de subidas e quedas da taxa Selic são bem variados. “Essas variações são estipuladas pelo Conselho Monetário do Brasil, e depende muito da situa­ção da economia, plano econômico do governo, de quan­to recurso precisa ser captado, por isso não existe uma época do ano que ele fica maior ou menor. Quem quer in­vestir ou comprar uma casa, como é o objeto da conversa, precisa ficar atento ao plano econômico do governo para verificar se há tendência de aumentar ou diminuir a taxa de juro. Quando ela está estável, como é o caso de hoje, trata-se de uma época boa para investimentos. Pode ser que o governo precise aumentar essa taxa e sofram alte­rações”, explica.

Fim de ano e aquisição de imóvel

Com o dinheiro extra que o trabalhador recebe no final de ano, como décimo terceiro, o dinheiro do Programa de Participação de Lucros e Resultados (PLR), férias, entre ou­tros, aumentam as possibilidades de dar entrada na compra de um imóvel. “Essa é uma época boa, pois às vezes con­segue completar esse dinheiro da entrada. Entretanto, vale destacar que os recessos podem acabar atrasando um pou­co a aprovação do financiamento, mas não impacta tanto no financiamento, pois quem está convicto do plano de com­prar um imóvel, é perfeitamente possível fazer negócio”, diz.

Transição de governos

O Brasil passa hoje pelo período de transição de go­vernos, tanto na esfera federal como estadual, e que pode impactar em várias áreas, mas como o crédito imobiliá­rio acaba sendo um motor da economia brasileira, Da­niel acredita que não haverá grande impacto. “Em um cur­to prazo não há grande impacto porque os planejamentos são projetados para prevenir essas situações. É claro que alguns programas do governo federal podem sofrer altera­ção a um longo prazo, mas isso é algo que só consegui­remos saber no futuro, quando o governo já estiver insta­lado”, ressalta.

Daniel destaca que hoje o mercado imobiliário e o ramo de construção civil estão entre as áreas que apresentam maior destaque, que mais geram renda, imposto e emprego no país, por isso, deve receber uma atenção especial do futuro governo.

“Com a melhoria da economia promovida pelo gover­no e maior liberação de crédito para a construção civil, há maiores possibilidades de empresas no ramo conseguirem fazer um grande número de obras, algumas seguidas, o que evita a dispensa de pessoal, por exemplo. Obras de grande porte podem gerar mais empregos do que uma fábrica, por exemplo”, acrescenta.