Sexta-feira às 26 de Abril de 2024 às 02:27:40
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Opinião

Qualidade de vida precisa ser prioridade para as cidades

Qualidade de vida precisa ser prioridade para as cidades

Ninguém, em sã consciência, pode ser contra o progresso, o desenvolvimento. As cidades precisam crescer, movimentar a economia, gerar empregos, mas esse crescimento tem que ser ordenado, tem que seguir normas que defendam, primeiramente, a qualidade de vida do cidadão. De nada adianta para a cidade, aumentar de tamanho, “inchar”, sem que esse “boom” populacional seja acompanhado de um profundo estudo de impacto de vizinhança e impacto ambiental, sem que sejam criados novos equipamentos públicos,  sem que a infraestrutura urbana seja compatível com esse crescimento.

Discute-se, hoje, na cidade, o crescente número de novos empreendimentos imobiliários aprovados após a mudança abrupta da Lei Municipal, no apagar das luzes da última administração municipal, no final do ano passado, permitindo que esses empreendimentos fossem aprovados sem a apreciação dos projetos pelo Conduma - Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente. Esse conselho sempre funcionou como um órgão capaz de impedir que a cidade cresça desordenadamente, mas, após a mudança da legislação, parece ter perdido o seu poder. Ficaram, os cidadãos, sem proteção, sem a força das pessoas que, em caso de projuízo iminente da qualidade de vida da cidade, poderiam dizer “não”.

O Ministério Público investiga a legalidade dessas aprovações que podem, sim, influenciar negativamente na qualidade de vida das vizinhanças. Afinal, como a malha viária da cidade vai se comportar com o crescimento explosivo da população? Onde vão trabalhar os milhares de novos habitantes da cidade? O Sistema de Transporte Público comporta esse crescimento?  As escolas, creches e outros equipamentos públicos das regiões atingidas, comportam esta sobrecarga? O Inquérito Civil Público, no Ministério Público, que investiga a situação de Campo Largo, ainda não está concluso, muitas pessoas e entidades ainda deverão ser ouvidas. Mas o reflexo da liberação de centenas de novas unidades habitacionais, em vários bairros da cidade, logo serão sentidos pela população. A Rua João Stukas, na região do Botiatuva, por exemplo, sem calçadas, estreita e sem acostamento, receberá, nos próximos meses, perto de 300 novos veículos no seu fluxo diário, pela manhã e à tarde, com a inauguração de  novas unidades habitacionais na região. Como esta via se comportará num futuro próximo? A saída, para alguns cidadãos, seria utilizar a PR-423, para atingir o centro da cidade via BR-277 (pista antiga), mas, além de quase dobrar a distância a percorrer, existe o perigo que este percurso impõe. Afinal, é preciso passar no “Trevo da Morte”, todos os dias, um perigo que, certamente, a maioria não quer correr.