Domingo às 05 de Outubro de 2025 às 08:06:39
Opinião

Escolhas que podem custar a vida

Escolhas que podem custar a vida

Nesta quinta-feira (18), a Organização Mundial da Saúde (OMS) fez o que podemos chamar de denúncia bastante contundente, a respeito da pressão de setores poderosos, como os de tabaco, álcool e alimentos ultraprocessados, que têm agido de maneira a impedir que governos ao redor do mundo avancem em políticas de promoção de saúde que poderiam salvar milhões de vidas. A matéria na íntegra, em Português, está disponível na Agência Brasil, e trata-se de um alerta que vai muito além dos gabinetes das Nações Unidas e que deve ecoar também dentro de cada casa, no dia a dia e nas escolas.
Não é novidade que uma grande parte das doenças graves e que acometem grande parte da população, como o câncer, a hipertensão e as doenças cardiovasculares, possuem uma relação direta com hábitos alimentares e de consumo. O que intriga é perceber que, mesmo diante de evidências científicas, medidas simples e eficazes, como a taxação de produtos nocivos , por exemplo, continuam sendo atrasadas por interesses comerciais.
O que está em jogo não é apenas a economia de bilhões de dólares em tratamentos evitáveis, como mostrou o relatório da OMS, mas sim a preservação de algo ainda mais valioso, que é a saúde e o bem-estar da população, especialmente das novas gerações. Quando vemos crianças e adolescentes com acesso livre a refrigerantes, salgadinhos e outros ultraprocessados, precisamos reconhecer que há uma indústria inteira trabalhando para que esses produtos se tornem irresistíveis, ainda que o preço, no longo prazo, seja o comprometimento do desenvolvimento natural e da qualidade de vida. 
É verdade que não precisamos viver sob uma ditadura alimentar. Há espaço para escolhas ocasionais, mas eles devem estar ligados mais a datas especiais, como era antigamente, tornando eles um ponto alto da celebração e não mais uma embalagem aberta ao longo do dia. Porém, existem produtos cujo consumo deveria ser repensado de forma radical, não apenas reduzido, mas eliminado. O problema é que, muitas vezes, eles são "empurrados" para nós consumirmos quase de maneira inconsciente. A reflexão que se impõe é dupla. De um lado, os governos têm a responsabilidade de proteger a população com políticas que de certa forma podem ser consideradas corajosas, que não cedam ao lobby das grandes corporações. De outro, nós, consumidores, precisamos aprender a olhar para além da propaganda e assumir uma postura crítica diante do que colocamos no carrinho de compras. Para isso, é necessário informação, disciplina e, muitas vezes, nadar contra a corrente do consumo imediato.