Sexta-feira às 10 de Outubro de 2025 às 11:13:45
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Sonhar faz parte do crescimento e projeções são importantes para o desenvolvimento infantil

Sonhar faz parte do crescimento e projeções são importantes para o desenvolvimento infantil


Os sonhos e a imaginação fértil fazem parte da infância saudável de todas as crianças e permitir com que isso aconteça também é uma função dos adultos envolvidos no processo de desenvolvimento deste ser humano. A Folha conversou com algumas crianças da Escola Avance, em Campo Largo, que compartilharam um pouco de como enxergam o mundo hoje, como esperam que ele seja no futuro e também o que esperam ser quando crescerem. 
A pequena Mirela, de 06 anos, disse que sonha em ser cantora, bailarina e dançarina, pois gosta muito de música e da arte. Já Henrique, de 08 anos, contou que pretende ser policial, mas mantém a esperança de que o mundo melhore até ele ter 30 anos. Já a pequena Manuela, de 06 anos, embora tenha começado a entrevista bastante tímida, já revelou que quer ser youtuber para influenciar as pessoas a serem melhores e fazerem coisas boas em prol dos outros, como cuidar das crianças e dos idosos, dos animais e da natureza. 
Em alusão ao Dia das Crianças, conversamos com o psicólogo clínico e neuropsicopedagogo Kaio Juliano Suonski Barbosa sobre a importância dos sonhos e projeções para o futuro na infância, um tema que desperta reflexões não apenas sobre imaginação, mas também sobre autoconhecimento, autoestima e aprendizado.
Segundo o especialista, sonhar é um processo essencial para o desenvolvimento emocional e cognitivo. “Quando a criança imagina o que quer ser no futuro, ela está descobrindo quem é, o que gosta e o que desperta interesse nela. Isso ajuda a desenvolver a imaginação, a criatividade e até o pensamento, porque para sonhar é preciso imaginar possibilidades. Além disso, quando o adulto valoriza esses sonhos, a criança se sente capaz e confiante para seguir explorando o mundo”, explica.
Kaio destaca ainda que as experiências cotidianas são determinantes na construção dessas projeções. “As crianças aprendem muito observando. Elas prestam atenção em tudo, nas conversas dos adultos, nas profissões que veem, nas brincadeiras e até nos programas de TV. Quando uma criança ‘brinca de professora’ ou ‘de médico’, por exemplo, ela está experimentando papéis e construindo suas primeiras ideias sobre o que é trabalhar, cuidar ou ensinar. Cada vivência, por menor que pareça, ajuda a formar um pedacinho desse olhar para o futuro.”

Restringir sonhos pode ser um risco
Kaio alerta que quando a criança cresce em um ambiente que restringe a imaginação e as possibilidades de sonhar, isso pode impactar diretamente o desenvolvimento emocional. “Quando a criança é impedida de sonhar, de falar o que pensa ou de imaginar, ela pode começar a acreditar que seus desejos não importam. Isso enfraquece a autoestima e o interesse por aprender.”
O psicólogo também chama atenção para o tempo excessivo das telas nesse processo. “As telas, quando usadas em excesso, podem limitar a imaginação, porque já trazem tudo pronto, a história, a imagem, o som. O ideal é que a criança também tenha tempo para brincar de verdade, inventar e criar suas próprias histórias. As telas podem fazer parte, mas não podem ser o centro.”

Imaginação e realidade
Muitos pais e responsáveis podem se perguntar como equilibrar o incentivo aos sonhos com a orientação para a realidade. Para o especialista, o segredo está em ouvir com carinho. “Quando a criança fala que quer ser astronauta, cantora ou veterinária, em vez de dizer ‘isso é difícil’, o adulto pode responder algo como ‘Que legal! O que mais você acha interessante nisso?’. Assim, o sonho vira uma conversa, e não um limite. Com o tempo, é possível mostrar caminhos, ajudando a entender que há muitas formas de realizar o que se deseja — talvez não exatamente como imaginou, mas mantendo o brilho nos olhos”, aconselha.
Por fim, Kaio explica que por volta dos 06 a 08 anos, as crianças começam a compreender melhor as noções de futuro e a projetar desejos. “É nessa fase que elas entendem o ‘amanhã’, o ‘ano que vem’ e o ‘quando eu crescer’. Isso acontece porque o cérebro vai amadurecendo e permitindo que elas pensem sobre o que desejam e façam planos, mesmo que ainda de um jeito simples. É um momento bonito, porque mostra que estão construindo um senso de identidade e de esperança”, finaliza.