Pouco tempo depois de iniciarem as aulas no Cursinho Conexão, voltado para alunos que precisam se preparar para prestar vestibular e fazer a prova do Enem, mas não dispõem de recursos financeiros para pagar uma instituiç&
Pouco tempo depois de iniciarem as aulas no Cursinho Conexão, voltado para alunos que precisam se preparar para prestar vestibular e fazer a prova do Enem, mas não dispõem de recursos financeiros para pagar uma instituição particular, a pandemia chegou, suspendendo as aulas, mas não a vontade de se preparar para as provas. A primeira reação, naturalmente, foi de angústia, incerteza e preocupação, mas os professores e alunos não desanimaram em buscar uma alternativa.
Willian Vida, professor e coordenador do cursinho, disse que atualmente são 43 alunos que estão sendo orientados, porém, menos da metade está realmente estudando. “Estamos fazendo aulas gravadas que são postadas em uma pasta online. Nas próximas semanas vamos começar as aulas ao vivo. Começamos com uma boa participação e adesão dos alunos e professores, mas com o tempo, a participação dos dois lados infelizmente caiu bastante. Os alunos estão bem desanimados e desmotivados. A minoria diz aos tutores que estão conseguindo realmente estudar. Muitos dizem que as atividades do colégio já ocupam todo o tempo que a mente aguenta.”
Mesmo com esforço, William comenta que percebe que os conteúdos estão um pouco atrasados e os alunos pouco assistem as aulas. “Esperamos que agora, com as aulas ao vivo, a gente consiga melhorar este quadro. O Conexão é marcado pela acolhida e a preparação para o vestibular de maneira bem próxima. A pandemia dificultou muito este processo. Incentivar os estudantes a estudarem em casa e enfrentarem suas questões familiares e pessoais, estando longe, tem sido um grande desafio. Não estamos conseguindo fazer a preparação do jeito que sempre fizemos no presencial”, lamenta.
Embora o ano de 2020 seja marcado pela incerteza, os alunos estão acompanhando as notícias e sempre procuram estar bem informados com relação aos processos das provas de vestibulares e do próprio Enem e, conforme comenta o professor, já estão cientes que o início de 2021 será, praticamente, um prolongamento deste ano, por conta das datas das provas – a prova da Universidade Federal do Paraná está agendada para o dia 10 de janeiro de 2021 e o Enem as provas impressas serão dias 17 e 24 de janeiro, e as prova digitais – realizadas em instituições por meio de computadores - dias 31 de janeiro e 7 de fevereiro, podendo sofrer alterações conforme necessidade.
Dilemas pessoais
“Muitos enfrentam realidades muito difíceis e estar só em casa se torna mais pesado. Fazê-los ter ânimo de pegar o caderno e os livros, de organizar a rotina, seguir o planejamento, é o maior desafio. Eles estão em casa, mas têm que ajudar nos afazeres domésticos, cuidar dos irmãos ou sobrinhos, trabalhar, as obrigações do colégio ou simplesmente a preguiça e as redes sociais falam mais alto e os estudos do cursinho ficam de lado”, descreve o professor, quando perguntado da realidade dos alunos.
Além disso, William também comenta quanto à tecnologia, justificando que a maioria não tem uma internet de qualidade, o que dificulta ver os vídeos. Ele defende que tanto a escola, como o cursinho, também desempenham os papéis de desenvolvimento educacional, psicológico, emocional e moral dos jovens, o que fica prejudicado com o relacionamento a distância.
“Movimentos educacionais que afirmavam que haveria o fim da sala de aula física com o aumento da tecnologia, tiveram a prova de que isso não vai acontecer, pelo contrário. A sala de aula física nunca foi tão desejada. Por outro lado, acredito que a pandemia mostrou, sim, o quanto a tecnologia pode ajudar na educação. E mais do que isso, fez professores e alunos aprenderem a usá-la da maneira correta e definindo quais são de fato suas possibilidades e limites”, afirma.
Para quem vive esse momento de preparação, ele aconselha: “O segredo é disciplina e esperança. Todos têm condições de se superar e de se desafiar. Disciplina para seguir o planejamento e manter a rotina. Tirar o pijama, criar um ambiente em casa só para o estudo. Imaginar que você saiu de casa e foi para a escola. Disciplina de levantar e estudar como a obrigação que tinha de levantar e ir para o colégio ou ao trabalho. Escolher o melhor horário e segui-lo à risca”.
Aos pais, o professor orienta o papel de suporte material, moral e emocional, sempre incentivando os filhos nos estudos, sem cobranças.