Aspirante a Oficial do Exército no NPOR Daniel Moreira, 19 anos, se formou na última sexta-feira (04) em Material Bélico e conta sua experiência no quartel
O concurso para entrar nos Núcleos de Preparação de Oficiais da Reserva (NPOR) é um dos mais disputados e o campo-larguense Daniel Renaldim Moreira, de apenas 19 anos, conquistou sua vaga ainda em 2019. Na última sexta-feira, após uma trajetória árdua dentro do quartel, o agora aspirante pode se formar no NPOR, no batalhão em Curitiba.
Conforme conta Elizabeth, mãe de Daniel, ele sempre admirou a carreira militar. “Desde pequeno ele sempre demonstrou interesse na carreira militar. Então, por intermédio do militar aposentado Rubens Beber descobriu o NPOR, que é uma alternativa para rapazes que completam 18 anos e desejam seguir a carreira militar, mas precisa estar cursando o Ensino Superior e ser solteiro, sem filhos. Ele se inscreveu e foi sendo classificado, etapa após etapa, que são muito concorridas, sempre se dedicando cada vez mais.”
Daniel relembra que as primeiras etapas envolveram testes físicos e intelectual, em que além dos treinos intensos, ele conciliava os estudos da faculdade de Administração. “Eu ficava bem nervoso a cada lista de classificação que era divulgada, mas estava bem concentrado para dar o meu melhor para passar. Lembro que me dediquei muito para os exames físicos, pois já tinha parado de treinar há algum tempo. Isso aconteceu em novembro de 2019 e eu tinha até janeiro de 2020 para me preparar, onde precisava correr alguns quilômetros, fazer barra e saltar um obstáculo. Contei com a ajuda da Luciani Liberato e meu primo, Fernando Moreira, que são personais, que fizeram treinos específicos para mim e me ajudaram a manter o foco, além de me emprestarem equipamentos para fortalecimento, tudo de maneira gratuita, por isso sou grato.”
Ele precisou também controlar a alimentação durante o período. “Treinava todos os dias e como o treino era muito intenso, eu fiquei muito fadigado, chegava em casa chorando, acordava com dores e não sabia como levantar da cama pela manhã. Mas mantive o foco no meu objetivo, que era passar na prova física. No dia eu estava bem nervoso, mas os 2km e 250 metros, que precisava fazer em 12 minutos, acabei cumprindo em 9 minutos, e passei. A outra prova consegui fazer de maneira mais tranquila, pois ela não tinha um nível tão alto”, relembra.
Ele precisou passar ainda por uma prova intelectual, semelhante a de um vestibular, com questões de História, Geografia, Matemática, Português e Redação. “Como eu estava cursando a faculdade e treinando, estudei menos para a prova intelectual. Minha mãe é professora, então me ajudou com a Redação. Consegui algumas apostilas em grupos de ex-alunos, mas me saí bem nesta prova”, diz.
O internato
O primeiro mês dentro do NPOR é o mais intenso do Período Básico, formado por três meses, conforme conta Daniel. É neste momento que o militar fica isolado no quartel por 30 dias, sem contato com a família e com uma rotina regrada e bastante intensa.
“Às 06h temos que estar de pé, é chamado de alvorada, mas eu levantava sempre às 05h da manhã para arrumar a cama e passar a ferro, pois lá tudo precisa estar impecável. Todos os dias existe um jeito certo de dobra de manta e o padrão deve ser seguido. Das 07h às 17h nós estudávamos, com as pausas para o almoço e jantar, mas após o jantar tínhamos mais instruções. Às 22h era o momento em que todas as luzes eram apagadas, para aqueles que quisessem dormir. Eu sempre acabava indo dormir pela madrugada, pois estudava para as provas, passava a farda e engraxava o coturno, pois temos que estar alinhados na manhã seguinte”, comenta.
No quartel, ele começou correndo dois quilômetros por dia, sempre junto dos demais colegas, cantando e seguindo a marcha. Em um mês, emagreceu 12 kg. “Foi um momento muito importante na minha vida, onde aprendi a ser mais responsável e passei de um adolescente para um homem. Minha família comenta que quando voltei para casa, eu tinha mudado bastante”, comenta.
Meses seguintes e formatura
Passado o Período Básico, os militares escolhem sua arma; no caso de Daniel, escolheu cursar Material Bélico. Com a formatura, Daniel se tornou Aspirante a Oficial do Exército Brasileiro, e para o próximo ano participará de novos cursos, que o levarão a subidas de nível dentro das Forças Armadas.
“É motivo de muito orgulho para nossa família, ver tanto esforço. Não foi nada fácil, sofremos quando vimos tudo o que ele passou, mas agora ele está colhendo os frutos de todo esse esforço. Durante todo o ano, após passar o internato, meu marido, José, levou ele até o Batalhão em Curitiba, às 05h30 da manhã para ter aulas, e esperou até 12h, 13h, pois não dava para ele pegar ônibus, por conta do desencontro de horários e também da pandemia. Ele levantava cedo, nunca se atrasou. É nosso orgulho”, diz.
A turma de Daniel recebeu o nome de Monte Castello, em lembrança da Conquista do Monte Castello, na Itália, em 1945, que completou 75 anos em 2020. Curiosamente, essa é a mesma batalha em que lutou o pracinha campo-larguense Felix Novak, que faleceu neste ano.
ERRATA: Foi divulgado que Daniel Moreira teria sido o primeiro campo-larguense a se formar no NPOR, mas em apuração mais detalhada confirmamos que outros militares do município já haviam recebido a mesma instrução. Pelo erro pedimos desculpas.