A família nunca deixou de procurá-lo; o exame de DNA com a mãe de Gilberto trouxe a
comprovação: 99,99% de compatibilidade
Há um ano a Folha contou a história de Gilberto Leite, que buscava por respostas sobre sua família. Com apenas uma foto e um relato com várias lacunas e incertezas, ele sabia que havia algumas ligações com o município de Campo Largo, mas não conseguia ter clareza de quais eram. Deixado pelo pai com apenas 02 anos e meio, Gilberto, que na verdade se chamava Dominique, foi adotado por uma família, passou por uma casa de acolhimento até chegar à família que o criou.
Foi somente aos 14 anos que ele descobriu que era adotado, quando ouviu comentários de seus familiares em um passeio. Quando chegou em casa, questionou os pais sobre ele ser adotado e veio a confirmação. Na época ele cogitava possibilidades de ter sido roubado por uma pessoa que o entregou para a adoção ou ainda que seus pais sofreram um acidente automobilístico e acabaram falecendo na hora.
Após a história ser contada na Folha de Campo Largo, Gilberto comenta que ganhou mais visibilidade na internet e muitas pessoas o ajudaram. “Fiz uma publicação com a minha foto antiga na região de Campo Largo e deu mais de 12 mil compartilhamentos. No final do ano passado, uma menina entra em contato comigo e fala que o tio dela tinha uma história semelhante de um irmão desaparecido com 02 anos há quase 40 anos e aquela esperança acendeu para mim”, relembra.
Passo a passo para o reencontro
“Quando eu vi a foto dele, logo notei a semelhança e fiquei ainda mais na expectativa, ansioso. Quando nos falamos por telefone, foi a voz. Para ele, eu era o irmão dele perdido, ele tinha plena certeza e não precisava nem de DNA. Eu sou mais novo, então ele tem mais lembrança do que aconteceu, então me contou o que sabia. Eles moram no Boqueirão, então descobri que eu sou curitibano. Naquela conversa descobri muitas coisas que me impactaram muito, sobre a minha história e sobre a minha vida. Foi difícil saber de tudo e ainda é”, comenta.
Gilberto foi convidado pelo irmão, Aleksander Vaz, para conhecer a família no final do ano passado em Curitiba e foi acolhido por eles. “Quando eu cheguei lá ele falou ‘vamos ter que ir lá na mãe, porque se ela souber que o Dominique voltou e não foi ver ela, ela vai ficar brava’. Eu lembro que respirei fundo e fui. Ele não disse de primeiro momento quem eu era, ele chegou e falou ‘mãe, sabe quem é esse?’ e ela só falou que eu era muito parecido com um irmão meu que já faleceu em 2014. Quando ela disse isso, foi o momento que ela falou ‘Dominique, é você?’. Esse momento foi pura emoção, muitas lágrimas”, relata.
99,99%
A mãe, Izabel Vengue Martins, nunca deixou de procurar por Dominique, que foi levado dela ainda bebê. Contou para Gilberto que todos os anos comemorou todos os aniversários, no mês de fevereiro – embora o segundo registro de Gilberto tenha sido em maio – e em todas as datas, sejam elas especiais ou do dia a dia, ela sempre pensou nele.
“Não foi fácil para ela, não foi fácil para mim. Eu vejo hoje o meu filho, que tem 02 anos e 06 meses, a mesma idade que eu tinha quando fui tirado da minha família, e fico pensando em tudo o que eu passei. Quantas vezes eu chamei por aquelas pessoas e elas não estavam mais comigo? Minha mãe passou noites em claro à minha espera. Quantas coisas nós poderíamos ter vivido juntos e não vivemos. Mas agora temos muito o que viver. Ainda é tudo muito novo para todos nós, mas tenho me sentido cada vez mais parte da família”, relata.
Não é para menos. O exame de DNA feito entre Gilberto e dona Izabel apontou 99,99% de compatibilidade, sendo essa também a sua família.
“Logo eu, que achava ser sozinho no mundo, descobri que tenho mãe, pai, avós, tios, tias, 15 irmãos e muitos sobrinhos. Meu irmão que faleceu colocou o nome do filho dele em minha homenagem, Dominique. Agradeço a Deus por ter conseguido solucionar esse mistério que tinha no meu coração. Agora o amor transbordou em minha vida”, finaliza.