Crise afeta vendas de final de ano. Empresários reclamam da alta carga tributária, que reduz lucro e exige maior planejamento.
14/01/2016
Todos os anos, a época mais esperada pelos comerciantes são as festas de final de ano, por apresentarem altos níveis de vendas nos mais variados setores do mercado. Entretanto, 2015 foi marcado por grandes crises políticas, fiscais e institucionais, que acabaram afetando de certa forma a economia, diminuindo o poder de compra da população, ocasionado pelas altas taxas de impostos recolhidos, inflação e o grande número de desempregados.
Juliano Bregoli, gerente institucional da Associação Comercial Industrial e Agropecuária de Campo Largo (Acicla), conta que essa situação prejudica diretamente o comércio local. “Isso nos afeta porque as famílias estavam muito endividadas, tiveram diminuição do poder de compra. Então elas tinham contas antigas a pagar e pouco dinheiro para investir em novas aquisições, o que faz com que o dinheiro não chegue aos estabelecimentos campo-larguenses”, esclarece.
As vendas entre os últimos meses de 2015 e o início de 2016 não excederam as dos anos anteriores, não havendo crescimento, mas sim a estagnação. O lojista Miguel Fernando Spack, proprietário das Lojas Spack, revela que o seu estabelecimento manteve a média de venda igual a do ano anterior. “As metas que a loja queria atingir não foram alcançadas, mas nós batemos a meta mínima. Então, pela situação atual, nós consideramos um bom resultado”, afirma. O perfil de consumidor que frequentou a loja durante o período foi aquele que foi já sabendo o que queria comprar para dar de presente para família e amigos. “O consumidor veio comprar o que ele achava que a pessoa queria ou precisava. Por conhecer já a loja e a forma como nós trabalhamos, as vendas foram diversificadas”, relata.
Bregoli conta que os associados estavam com um pensamento pessimista com relação às vendas dessa última data comemorativa e que já se prepararam para o pior que não ocorreu de fato. “Não ficamos nem próximo do que aconteceu nos anos passados, mas o impacto foi menos sentido por já ter pensado no pior. O pior não ocorreu, houve vendas, mas o que foi mais importante foi o planejamento financeiro da empresa, que se preveniu buscando uma melhor negociação e menos mercadoria. Não tivemos um Natal como os passados, mas também não foi trágico”, relata.
Denise Ribeiro, responsável pela coordenação de marketing do Supermercado Colatusso, conta que já esperavam a crise e que este ano seria como nos anos anteriores. “Nós já esperávamos a crise, então compramos mercadorias em menor número”, conta. “O nosso cliente gosta de fazer pesquisa e procura sempre o melhor preço”, finaliza.
Previsões para 2016
Neste ano, Juliano aposta em maior dificuldade e necessidade de um planejamento mais aprofundado por parte dos comerciantes. “Agora no mês de janeiro começam alguns reajustes, seja contribuição na folha de pagamento que sobe de 1 para 2,5%, as mudanças do PIS e Cofins que são aumentos não repassados, pois se forem gerarão inflação e se perderá o poder de compra, afetando então as vendas. É um efeito dominó”, explica.
Miguel Fernando Spack acredita que o movimento permanecerá o mesmo, mas que os tributos e impostos atrapalhem um pouco o rendimento comercial. “Não esperamos aumento de vendas muito grande, tendendo a ficar o mesmo do ano passado. Não houve demissão. O que tem judiado dos comerciantes, na verdade, é a alta carga tributária que é cobrada”, conclui.
Denise também está com uma previsão pouco otimista para o comércio do gênero alimentício. “Há pesquisas que comprovam um ano difícil para as redes de supermercado, com um declínio de crescimento em torno de 5%. Para esse ano de 2016 já esperamos queda nas vendas, que são reflexos da crise econômica que estamos atravessando”, destaca.
O gerente institucional da Acicla acredita que não é possível resolver essa crise sem antes solucionar o que está por trás dela. “Nós precisamos resolver uma crise política, fiscal, para que aí ela tenha um impacto econômico. Isso não depende do consumidor, mas sim dos representantes políticos”, sugere. Os maiores afetados são os comerciantes, que devem ficar atentos aos fluxos de caixa. “Com o juro aumentando e o lucro pequeno, isso acaba afetando demais. Aos empresários, recomendo muita atenção ao fluxo de caixa, pois é a falta de cuidado ali que acaba quebrando muitas empresas”, alerta.