Segunda-feira às 12 de Maio de 2025 às 04:50:08
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Ser mãe independente exige maior grau de responsabilidade e apoio familiar, diz psicóloga

A psicóloga Elenice Bonato explica que há vários motivos para que uma mãe crie seus filhos sozinhas, mas que em todos eles é exigido da mulher uma responsabilidade ainda maior dentro de casa.
 

Ser mãe independente exige maior grau de responsabilidade e apoio familiar, diz psicóloga

Tornou-se comum famílias estruturadas com a falta da figura paterna. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2005 o Brasil tinha 10,5 milhões de famílias de mulheres sem cônjuge e com filhos, morando ou não com outros parentes. Os dados de 2015 – ano da última atualização -, mostram que o número acabou crescendo para 11,6 milhões de famílias com essa formulação.

A psicóloga Elenice Bonato explica que há vários motivos para que uma mãe crie seus filhos sozinhas, mas que em todos eles é exigido da mulher uma responsabilidade ainda maior dentro de casa. “A mulher pode querer formar uma família de forma independente, por meio da inseminação artificial ou adoção, pode ficar viúva, acabar se divorciando do parceiro ou ser abandonada pelo pai da criança. O que nós percebemos, socialmente falando, é que a maioria das mães precisam criar seus filhos sozinhas e em contrapartida lidar também com a rejeição. Esse é um defeito da sociedade e precisamos trabalhar para que pessoas não sofram com isso.”

Independente de como a mãe acabou tendo que criar os filhos sozinha, a psicóloga intera que é preciso a mãe criar a consciência da responsabilidade que significa criar um filho. “Muitas mães criam seus filhos sozinhas com maestria. Elas trabalham, estudam, cuidam das crianças, da casa e fazem isso muito bem. É quase instintivo da mulher ter essa personalidade mais decisiva. Porém, uma mãe que cria seus filhos sozinha precisa ter em mente que ela será o dobro do amor e o dobro da lei dentro de casa. Uma função que seria dividida com o homem cai sobre ela com o dobro de peso, aí se torna a mãe, que também é pai”, explica.

A família dessa mulher também deve acolher essa família, de modo que apoie a criação da criança, mas sem retirar a autoridade da mãe. “O que eu percebo bastante são as mães-irmãs. Algumas meninas se tornam mães muito jovens e seus pais, no caso avós dessa criança, tornam-se os ‘avós-pais’ e retiram a autoridade da mãe, que passa a ser uma ‘irmã mais velha’. Isso pode prejudicar a criança no futuro, que se sentirá confusa quanto ao papel real da mãe na vida dela”, diz.

A mulher que se depara com um desafio tão grandioso como esse, também deve cuidar de si mesma, para evitar que marcas afetem a sua saúde emocional. A psicóloga explica que muitas vezes pode ser comum a mulher apresentar traços de doenças psicológicas, como depressão, ansiedade, Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), entre outros.

Outro ponto é não esconder a história verdadeira da criança, para que não gere nela uma revolta, se vier a descobrir a verdade. “A criança precisa saber quem é o pai dela, mesmo que a figura dele não esteja presente. É importante entender que o pai também é parte da história dela”, aconselha.

História exemplo

Ariane Gonçalves Martins sempre foi criada pela mãe, Lucia, e pela avó, Jandira. Apesar de levar uma vida simples, ela destaca que sua mãe sempre esteve presente, mesmo com a rotina corrida, e buscou oferecer a ela do bom e do melhor. “São as duas pessoas mais importantes da minha vida. Minha mãe sempre trabalhou muito em uma indústria aqui em Campo Largo, mas também sempre esteve muito presente na minha vida. Ela não perdia minhas reuniões na escola, sempre procurava passar um tempo comigo, para que nós pudéssemos conversar. Sem dúvidas é uma mãe exemplo para mim.”

Na casa dela, a mãe sempre foi mais lei e a avó mais amorosa. “Nós morávamos nos fundos da casa da minha avó antigamente, então eu também fui criada por ela, já que enquanto minha mãe trabalhava, eu ficava com a minha avó. Minha mãe sempre foi mais dura, colocava mais disciplina em mim, já a minha avó é a mais amorosa, que acabava me consolando algumas vezes. Acho que esse equilíbrio foi bem importante na minha formação e eu agradeço as duas por todo o cuidado que tiveram comigo”, ressalta.
Recentemente, Ariane conseguiu concluir o Ensino Superior, o que foi para toda a família um momento de muita alegria e emoção. “Acho que foi o que coroou a criação que a minha mãe me deu. Ela sempre enfatizou para mim a importância de estudar, me formar e conseguir um bom emprego, para ter uma vida melhor. Agora, vou poder ajudar e retribuir um pouco de todo o carinho e dedicação que minha mãe e minha avó tiveram comigo, toda a minha família. Sou grata a Deus pelos exemplos de mães que tenho em casa”, finaliza.