Segunda-feira às 12 de Maio de 2025 às 02:47:51
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Irmã Dolores: a religiosa com milhares de filhos

Ao longo dos mais de 40 anos à frente do Colégio Estadual Sagrada Família e da Escola Municipal Anchieta, ela ajudou muitos alunos e hoje recebe deles muitas visitas, nas quais a frase “foi como uma mãe para mim&rdq

Irmã Dolores: a religiosa com milhares de filhos

Apesar da postura dela estar na memória de milhares de campo-larguenses como brava ou até mesmo autoritária, que pouco sorria, muitos também sabem que o ser humano Daicy Bertoli, mais conhecida como Irmã Dolores, também possui uma atmosfera matriarcal. Ao longo dos mais de 40 anos à frente do Colégio Estadual Sagrada Família e da Escola Municipal Anchieta, ela ajudou muitos alunos e hoje recebe deles muitas visitas, nas quais a frase “foi como uma mãe para mim” é constantemente repetida.

Nascida no dia 06 de janeiro de 1935, a hoje senhora Daicy, decidiu pela vida religiosa ainda bem nova, com apenas 12 anos de idade, quando ainda morava em São Paulo. Segundo ela, a admiração e a convivência com irmãs da igreja onde frequentava a influenciara na escolha. Entre os seis irmãos, ela foi a única que optou pela vida religiosa.

Veio morar no Paraná com sua família e aos 14 anos chegou em Campo Largo, para estudar e morar na Escola Sagrada Família, local onde concluiu o Magistério e pode começar a lecionar Matemática – uma das suas paixões – em alguns colégios católicos de Curitiba, e também no Colégio Sagrada Família. Pouco tempo depois se tornou diretora.

Quando questionada sobre como foi assumir a direção de um colégio ainda tão nova, a Irmã respondeu: “até que foi tranquilo, naquela época as pessoas eram diferente do que são agora, você falava e elas acatavam no mesmo momento”.

A Irmã Dolores esteve à frente da direção dos colégios em vários períodos da História do Brasil e também teve a oportunidade de conviver com pessoas de várias gerações. Segundo ela, trabalhar com pessoas nunca é fácil, por isso, exigia dela uma postura mais séria e fechada, para que fosse de fato respeitada pelos alunos. O que sentiu ao longo dessas, pelo menos, quatro gerações, foi a diferença na disciplina dos alunos e também na forma de atuação do docente, que acabou sofrendo várias modificações ao longo do tempo, entretanto, sempre conseguiu êxito no trabalho.

Sobre uma das épocas mais emblemáticas, a Ditadura Militar, a Irmã Dolores lembra que tudo era imposto e eles precisavam trabalhar em cima dessas regras. Relembra que apesar de ser um momento delicado, conseguiu fazer tudo da maneira certa sem sofrer quaisquer retaliações.

Filhos da Irmã Dolores

Atualmente a Irmã Dolores está aposentada e ainda mora na casa das Irmãs, ao lado do Colégio Estadual Sagrada Família. Ela ainda frequenta a missa na Matriz, sempre acompanhada das demais religiosas, e, dependendo do dia, anda pelo Colégio, também acompanhada.

Recebe algumas visitas de alunos que viveram próximos a ela ou foram ajudados de alguma forma. Ela chegou, inclusive, a criar algumas crianças ou realizar “mutirões” internos para ajudar famílias que passavam necessidade. “Tudo o que eu fiz foi com muito gosto e faria novamente se precisasse. Não acredito que seja merecedora de homenagens, mas fico feliz pelo reconhecimento de um trabalho bem feito”, finaliza Irmã Dolores.