Sexta-feira às 18 de Julho de 2025 às 10:22:04
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Em três horas, 320 campo-larguenses são registrados como doadores voluntários de medula óssea

Evento que trouxe o Hemepar a Campo Largo registrou manhã intensa na Praça do Museu

Em três horas, 320 campo-larguenses são registrados como doadores voluntários de medula óssea

“Foi um sucesso”. Essa frase foi a mais repetida por organizadores, voluntários, autoridades e população que participaram da 1ª Feira de Saúde, Amor e Es­perança. O evento contou com a presença do Hemepar, que coletou 320 amostras de sangue para cadastrar novos vo­luntários doadores de medula óssea e também com a Feira de Saúde, promovida pelo Grupo Amigos do Eterno Juh, em parceira com a Igreja Adventista do Sétimo Dia de Campo Largo, que atendeu mais de 400 pessoas, realizando exa­mes de idade corporal, testes de glicemia, pressão, massa­gem e muito mais.

Uma das organizadoras, Raquel Paulart, ficou muito fe­liz, pois não esperava que tivesse esse alcance. “Nossa in­tenção foi usar essa visibilidade que a nossa família já tem, visto a tudo que o Junior passou, para ajudar outras pesso­as que também enfrentam essa luta. Não foi em vão o que ele passou, se nós conhecemos essa realidade, porque dei­xar outras pessoas sofrerem? Se podemos fazer isso, essa será a nossa missão daqui pra frente.”

Anderson Paulart, organizador do evento, também des­tacou a receptividade que o público campo-larguense teve com a ideia. “Embora já tenhamos feito no passado, quan­do o Junior ainda estava conosco, campanhas de conscien­tização, é sempre diferente, pois você aborda pessoas que ainda não conhecem esse mundo. Da mesma forma, tam­bém pudemos contar com pessoas que já o conhecem, passaram pela mesma experiência e querem ajudar. Todos acolhem a sua ideia e ela acaba se tornando uma grande realidade.”

O evento contou com a participação do Projeto Se­mentes de Vida, organizado e presidido pela professora e pesquisadora da Universidade Estadual de Ponta Grossa, Marina Luiza Gaspar Wisniewski, a qual diz que o evento teve uma importância singular para a cidade. “O Hemepar é um parceiro nosso, por isso conseguimos, de forma inédi­ta, que eles viessem para Campo Largo com a possibilidade de fazer 300 cadastros. Pode parecer um número pequeno, realmente são poucos, mas nós temos uma portaria a nível nacional que limita o cadastro de doadores de medula ós­sea, por mês. Nós temos sofrido muito com isso, pois para Curitiba, por exemplo, são apenas 450 cadastros liberados por mês, então nesta feira eles trouxeram quase toda a cota do mês”, revela.

Eventos futuros

A equipe ficou animada e já estuda realizar novos even­tos para 2019, ainda sem uma data definida. Após o término do evento, muitas pessoas ainda procuraram os voluntários querendo realizar o exame, isso motivou ainda mais a equi­pe para a realização de um evento no futuro.

Se possível, para os próximos eventos a organização pretende trazer ainda mais novidades, como também a do­ação de sangue. “Se o governo conseguir reorganizar esse sistema, tenha o material necessário e uma boa equipe, ca­pacitada e o equipamento para vir para cá, nós com certeza lutaremos para incluir esse serviço, pois acredito que esse seja um complemento. A maioria das pessoas que fazem o cadastro, pretendem também fazer a doação de sangue, ou quem já é cadastrado quer realizar a doação. A doação de sangue é uma prioridade”, diz Raquel.

O pastor responsável pela IASD de Campo Largo, Alan Jhonys, confirma que a igreja participará dos próximos tam­bém. “Foi uma experiência muito legal, porque quem estava envolvido, estava comprometido de verdade. Me sinto feliz, uma sensação de realização muito intensa, porque o Sába­do não é um dia para ficar em casa, é dia para eu ter meu momento com Deus e também para ser uma bênção na vida de alguém. Esse é só o primeiro.”

O prefeito Marcelo Puppi garantiu o espaço aberto ao grupo. “O que eles fizerem para trazer Saúde à população, eu só tenho o que agradecer por essa iniciativa, porque é uma obra de solidariedade e amor ao próximo. Nossas por­tas estarão sempre abertas.”

O eterno Juh

Há três anos, Anderson Paulart Junior encerrava a sua luta contra uma Leucemia Linfoide Aguda. Ele faleceu aos 14 anos, mas deixou muitos ensinamentos, e hoje, o grupo que leva o seu nome. Diagnosticado aos 07 anos de idade, ele fez todo o tratamento no Hospital Pequeno Príncipe e sempre teve uma vida bastante restritiva quan­to a passeios e comidas que poderia consumir. Por ser uma criança muito boa e, quando recebeu o diagnóstico inicial, ainda ter cabelos cacheados e loiros, ficou conhe­cido no HPP como “Anjinho da Hemato”.

Apesar de passar cinco anos aguardando um doa­dor de medula óssea, esse nunca chegou. A família che­gou a realizar várias campanhas no ano de 2012, as quais tiveram grande participação do público campo-lar­guense. As campanhas foram encerradas, pois não ha­via equipe disponível para a realização de coletas de sangue e cadastro de medula óssea que pudesse se deslocar ao município.

“Ele nasceu às 12h, ‘foi embora’ às 12h, e os cadas­tros terminaram às 12h. Foi muito simbólico, eu relembrei do meu filho, passou um filme na minha cabeça, tanto das alegrias, como das tristezas também. Foi muito emo­cionante, tudo no mesmo momento. A existência dele foi a razão de termos começado isso tudo, a memória dele. Apesar dele ter ficado pouco tempo conosco foram anos muito intensos, em que aprendemos muita coisa, muda­mos nossa visão de mundo, mais humana e se preocu­pando com o próximo”, diz Raquel.

“São números que nos acompanham, foi uma mistu­ra de emoções, de vitória, por ter alcançado essa meta, e também por todos os outros, isso tocou muito nosso co­ração e foi muito forte. Acredito que qualquer um que seja pai ou mãe consiga partilhar um pouco dessa intensida­de”, acrescenta Anderson.