Evento que trouxe o Hemepar a Campo Largo registrou manhã intensa na Praça do Museu
“Foi um sucesso”. Essa frase foi a mais repetida por organizadores, voluntários, autoridades e população que participaram da 1ª Feira de Saúde, Amor e Esperança. O evento contou com a presença do Hemepar, que coletou 320 amostras de sangue para cadastrar novos voluntários doadores de medula óssea e também com a Feira de Saúde, promovida pelo Grupo Amigos do Eterno Juh, em parceira com a Igreja Adventista do Sétimo Dia de Campo Largo, que atendeu mais de 400 pessoas, realizando exames de idade corporal, testes de glicemia, pressão, massagem e muito mais.
Uma das organizadoras, Raquel Paulart, ficou muito feliz, pois não esperava que tivesse esse alcance. “Nossa intenção foi usar essa visibilidade que a nossa família já tem, visto a tudo que o Junior passou, para ajudar outras pessoas que também enfrentam essa luta. Não foi em vão o que ele passou, se nós conhecemos essa realidade, porque deixar outras pessoas sofrerem? Se podemos fazer isso, essa será a nossa missão daqui pra frente.”
Anderson Paulart, organizador do evento, também destacou a receptividade que o público campo-larguense teve com a ideia. “Embora já tenhamos feito no passado, quando o Junior ainda estava conosco, campanhas de conscientização, é sempre diferente, pois você aborda pessoas que ainda não conhecem esse mundo. Da mesma forma, também pudemos contar com pessoas que já o conhecem, passaram pela mesma experiência e querem ajudar. Todos acolhem a sua ideia e ela acaba se tornando uma grande realidade.”
O evento contou com a participação do Projeto Sementes de Vida, organizado e presidido pela professora e pesquisadora da Universidade Estadual de Ponta Grossa, Marina Luiza Gaspar Wisniewski, a qual diz que o evento teve uma importância singular para a cidade. “O Hemepar é um parceiro nosso, por isso conseguimos, de forma inédita, que eles viessem para Campo Largo com a possibilidade de fazer 300 cadastros. Pode parecer um número pequeno, realmente são poucos, mas nós temos uma portaria a nível nacional que limita o cadastro de doadores de medula óssea, por mês. Nós temos sofrido muito com isso, pois para Curitiba, por exemplo, são apenas 450 cadastros liberados por mês, então nesta feira eles trouxeram quase toda a cota do mês”, revela.
Eventos futuros
A equipe ficou animada e já estuda realizar novos eventos para 2019, ainda sem uma data definida. Após o término do evento, muitas pessoas ainda procuraram os voluntários querendo realizar o exame, isso motivou ainda mais a equipe para a realização de um evento no futuro.
Se possível, para os próximos eventos a organização pretende trazer ainda mais novidades, como também a doação de sangue. “Se o governo conseguir reorganizar esse sistema, tenha o material necessário e uma boa equipe, capacitada e o equipamento para vir para cá, nós com certeza lutaremos para incluir esse serviço, pois acredito que esse seja um complemento. A maioria das pessoas que fazem o cadastro, pretendem também fazer a doação de sangue, ou quem já é cadastrado quer realizar a doação. A doação de sangue é uma prioridade”, diz Raquel.
O pastor responsável pela IASD de Campo Largo, Alan Jhonys, confirma que a igreja participará dos próximos também. “Foi uma experiência muito legal, porque quem estava envolvido, estava comprometido de verdade. Me sinto feliz, uma sensação de realização muito intensa, porque o Sábado não é um dia para ficar em casa, é dia para eu ter meu momento com Deus e também para ser uma bênção na vida de alguém. Esse é só o primeiro.”
O prefeito Marcelo Puppi garantiu o espaço aberto ao grupo. “O que eles fizerem para trazer Saúde à população, eu só tenho o que agradecer por essa iniciativa, porque é uma obra de solidariedade e amor ao próximo. Nossas portas estarão sempre abertas.”
O eterno Juh
Há três anos, Anderson Paulart Junior encerrava a sua luta contra uma Leucemia Linfoide Aguda. Ele faleceu aos 14 anos, mas deixou muitos ensinamentos, e hoje, o grupo que leva o seu nome. Diagnosticado aos 07 anos de idade, ele fez todo o tratamento no Hospital Pequeno Príncipe e sempre teve uma vida bastante restritiva quanto a passeios e comidas que poderia consumir. Por ser uma criança muito boa e, quando recebeu o diagnóstico inicial, ainda ter cabelos cacheados e loiros, ficou conhecido no HPP como “Anjinho da Hemato”.
Apesar de passar cinco anos aguardando um doador de medula óssea, esse nunca chegou. A família chegou a realizar várias campanhas no ano de 2012, as quais tiveram grande participação do público campo-larguense. As campanhas foram encerradas, pois não havia equipe disponível para a realização de coletas de sangue e cadastro de medula óssea que pudesse se deslocar ao município.
“Ele nasceu às 12h, ‘foi embora’ às 12h, e os cadastros terminaram às 12h. Foi muito simbólico, eu relembrei do meu filho, passou um filme na minha cabeça, tanto das alegrias, como das tristezas também. Foi muito emocionante, tudo no mesmo momento. A existência dele foi a razão de termos começado isso tudo, a memória dele. Apesar dele ter ficado pouco tempo conosco foram anos muito intensos, em que aprendemos muita coisa, mudamos nossa visão de mundo, mais humana e se preocupando com o próximo”, diz Raquel.
“São números que nos acompanham, foi uma mistura de emoções, de vitória, por ter alcançado essa meta, e também por todos os outros, isso tocou muito nosso coração e foi muito forte. Acredito que qualquer um que seja pai ou mãe consiga partilhar um pouco dessa intensidade”, acrescenta Anderson.