Com venda de terreno, trabalhadores serão os primeiros a receber, no prazo de até um ano. Caso isso não aconteça, indústria de Campo Largo poderá ser vendida
Uma realidade que impacta a todos é quando se fala na possibilidade de venda da tradicional Porcelanas Schmidt de Campo Largo. Possui uma história de geração de riqueza, emprego e é uma das responsáveis por levar a qualidade da louça de Campo Largo para todo o mundo. Referência na cidade, há dois anos passa por um Plano de Recuperação Judicial, o qual, em Assembleia Geral de Credores, foi aprovado nesta terça-feira (13), no Polentão.
Mas a venda da indústria para pagamento das dívidas acontecerá apenas se não conseguirem vender os terrenos de propriedade da mesma no prazo de um ano. Uma condição que pode acontecer, mas acreditam que com pequena probabilidade, levando em consideração propriedades de valor.
Advogados da Schmidt explicaram que inicialmente colocarão à venda parte do terreno da fábrica em Campo Largo para pagar os trabalhadores. Acreditam que a venda dos terrenos será realizada dentro de um ano, mas caso isso não aconteça será necessário colocar à venda a Unidade de Produção local. Se isso se tornar realidade, a Schmidt de hoje ficaria com operacional em Pomerode e com a marca real. Querem, caso essa seja a solução, que o possível futuro comprador continue com operação na cidade pelo prazo de dez anos, mantendo os empregos locais.
Pensando nessa possibilidade, mas principalmente em manter a Schmidt ativa no mercado, o objetivo é criar uma linha mais barata, aumentar o foco na venda online e fortalecer a marca para se tornar mais atrativa e estável. Mantendo a empresa, também há a garantia de que conseguirá pagar os demais credores, que são os fornecedores. Atualmente, a Recuperação Judicial é sobre uma dívida de R$ 70 milhões e, além disso, a empresa já não está conseguindo gerar caixa suficiente para pagar todos os impostos. Por isso, precisava de um Plano bem estruturado e manter a empresa sólida.
Na Assembleia foram discutidos alguns contrapontos em relação ao que foi apresentado pelos advogados da fábrica, principalmente com pedido de redução de prazos. Se decretar falência, os demais credores não recebem. Por isso, precisa estar ativo o operacional. Um dos maiores credores argumentou na Assembleia que acredita na Schmidt e tem interesse na continuidade da empresa. Mas destacaram que são os últimos a receber e acreditam que o plano tem que ter um meio termo, pois o prazo de cinco anos para iniciar o pagamento é muito extenso. Já passaram por uma recuperação da Schmidt e continuam acreditando.
De acordo com o advogado da Cocel, Rafael Karan, não é possível aceitar pagamento à Companhia com deságio, carência de cinco anos e nem parcelamento em 60 vezes como foi proposto. O pedido foi de começar a pagar um mês após concluir pagamento dos trabalhadores e parcelado em 24 vezes. O valor supera R$ 1,6 milhão e 40% deste valor já foi tirado dos cofres da Cocel para pagamento de ICMS adiantado. Ao final, as solicitações foram atendidas.
Paulo Andrade, presidente do Sinpolocal, diz que estão tranquilos pelo que foi apresentado. Destaca que estão tendo cuidado em apresentar um plano para dar prioridade ao pagamento dos trabalhadores. “O terreno já está disponível para venda e tem mais dois terrenos em discussão, em São Paulo e também em Santa Catarina, que podem ir pra leilão”, comenta.
Para pagar os trabalhadores, aprovada a assembleia já vai ser autorizada a venda do terreno, o que Paulo acredita que pode acontecer em poucos meses e já quitarem essa dívida. “Os trabalhadores estão na expectativa há dois anos, mas tomamos todos os cuidados para que não haja falha”, diz. O Sinpolocal é responsável por 240 ações trabalhistas, cerca de 95% da quantidade de Campo Largo. Entre estas pessoas, Paulo acrescenta que mais de 90% já estão recolocados no mercado de trabalho. “Funcionário da cerâmica, com uma mão-de-obra de qualidade, consegue ser recolocado rápido no mercado”, completa.
Decisão da Assembleia Geral
Após discussão dos pontos do Plano de Recuperação Judicial, os credores trabalhistas presentes foram unânimes pela aprovação, o Credor com Garantia Real aprovou; dos Credores Quirografários (que juntos somam quase R$ 40 milhões em dívidas), 51 votaram favoráveis e quatro desfavoráveis; na Classe IV foi unânime a aprovação.
Quanto a algumas mudanças propostas, ficou decidido aceitar as condições da Cocel, os trabalhadores serão pagos com a venda de terrenos ou talvez da Unidade de Campo Largo. Os Quirografários e Credores da Classe IV serão pagos com o saldo remanescente ou fluxo de caixa, com deságio de 30%, carência de quatro anos para iniciar o pagamento e prazo de 120 meses para pagamento em parcelas mensais.