A falta de um pai presente pode acentuar a insegurança, problemas de personalidade e rebeldia. Pais são agentes cuidadores e influenciadores diretos no comportamento dos filhos, principalmente pelos exemplos que manifestam no cotidiano
Pais são agentes cuidadores e influenciadores diretos no comportamento dos filhos, principalmente pelos exemplos que manifestam no cotidiano. São referências primordiais na vida e por isso devem se atentar a ensinarem da melhor maneira possível, preparando-os para os desafios que surgirão ao longo do processo de desenvolvimento e amadurecimento em suas vidas. Quem explica é a psicóloga e psicopedagoga Milene Christianne Rampim da Rosa.
“Pais conscientes da responsabilidade de serem cuidadosos, preocupados e presentes, tornam-se mais acessíveis, permitindo uma relação de troca com seus filhos, podendo acompanhá-los de forma atuante, interessada e participativa, tendendo a formar adultos mais responsáveis e saudáveis emocionalmente”, acrescenta.
Segundo ela, hoje há conceitos diferentes decorrentes do surgimento de novas configurações familiares, mas ainda há a ideia social pré-estabelecida que diferem a educação vinda do pai e da mãe. O pai é visto como genitor, provedor e mantenedor, suprindo as necessidades básicas da família e impondo autoridade, respeito e disciplina. Já a mãe é vista como genitora, cuidadora dos filhos, da educação destes e do lar, fornecendo proteção psicoafetiva. “Percebemos, hoje, pais afetivos independente de suas escolhas de gênero, revezando cuidados, sendo reguladores e mediadores, dando apoio incondicional e se responsabilizando no desenvolvimento das estruturas psíquicas do ego, capacitando seus filhos para o enfrentamento de dificuldades cotidianas”, detalha a psicóloga.
Mas muitas crianças não têm a oportunidade de conviver com os pais, seja por inúmeros motivos. Essa falta, conforme comenta Milene, “pode representar um vazio real ou imaginário e acentuar desequilíbrios emocionais, sentimento de insegurança e culpa, problemas de personalidade, desajustes comportamentais como ausência de limites, rebeldia, desrespeito às regras e autoridades e também desencadear dificuldades cognitivas durante a aprendizagem escolar dos filhos”. Mas há formas de tentar suprir isso.
Em caso de ausência paterna, é possível passar essas funções deste referencial às figuras representativas, em sua maior parte do gênero masculino, como avôs, tios, padrinhos, padrastos, irmãos mais velhos e professores, que servirão de moldes de substituição, exemplo e amparo.
Para quem tem a oportunidade de estar diariamente com os filhos, deve aproveitar esse tempo da melhor maneira e entendendo a responsabilidade que têm para o futuro de cada um. Milene diz que o melhor conselho que pode dar aos pais é que exercitem com seus filhos a empatia - colocando-se no lugar deles, sentindo e percebendo como eles, respeitando o momento em que se encontram -, como também a assertividade - demonstrando coerência na maneira de pensar e agir.
“Pais devem ser acolhedores e auxiliadores, do decorrer das vivências dos filhos, participando e intervindo positiva e pontualmente nos processos de manutenção da autoestima, na aquisição de valores e virtudes, no ganho de consciência crítica e responsabilidade social, no lidar com respeitos e limites, bem como com perdas, frustrações e também superações”, conclui.