A recomendação é para que aqueles que puderem fiquem em casa, mas o consumo exagerado de notícias negativas podem prejudicar a saúde mental. Psicóloga dá orientações importantes em tempo
Com alguns profissionais em casa, trabalhando em home office e empresas fechadas para se prevenir contra o Covid-19, o novo Coronavírus, a pergunta da vez é como fica saúde mental? Está tendo a mesma preocupação? Garantir o equilíbrio mental também poderá fazer com que a pessoa se sinta mais segura diante da situação de pandemia.
A psicóloga Marília Boaron Spréa explica que diante de uma pandemia os sentimentos mais comuns são a preocupação, ansiedade, insegurança, incerteza e sensação de ser pego desprevenido. “Os sentimentos são diferentes das emoções, que surgem primeiro, são mais elaborados e são incontroláveis. Mas as sensações são o medo, confusão, curiosidade, nervosismo, tristeza. Os sentimentos podem e devem ser administrados para que a pessoa se sinta melhor, especialmente buscando informações positivas sobre aquilo que está causando o pavor, no caso, o Coronavírus.”
Sobre as informações, a psicóloga também faz um alerta bem importante. Quando a pessoa busca muitas informações, começam a serem gerados a ansiedade e angústia. “Dentro da Psicologia chamamos de reasseguramento quando a pessoa não se contenta somente com a informação de um profissional que seja referência. Ela precisa encontrar outros profissionais, pergunta para amigos da área da saúde, para buscar alguém que fale algo diferente e alivie o sentimento da angústia gerada, quando isso acaba prejudicando mais do que ajudando”, diz.
Com consumo de notícias, com grande número de informações vindas das redes sociais, sem serem conferidas ou de origem duvidosa, essa sensação de insegurança se espalha ainda mais e as cenas de carrinhos cheios, filas em estabelecimentos, compras exageradas de alimentos tornam-se frequentes. “Essas pessoas que estão indo ao mercado para formar estoque de alimentos e de produtos de limpeza já têm um traço ansioso e podem estar até paranóicas. Quando as empresas colocam cartazes, pedindo para os clientes pensarem no próximo, dá uma sensação maior de segurança, pois vai ter para você e a tendência é que tenha para todo mundo. Isso é muito benéfico, é a empatia em meio ao caos”, reforça.
Marília lembra ainda que as crianças também devem ser informadas sobre o que está acontecendo, sempre respeitando a sua idade e capacidade de compreensão, além de pedir para que com frequência higienizem as mãos e entendam o porquê precisam fazê-lo.
Pessoas com transtornos
Este é o momento de ficar atento também às pessoas que já são diagnosticadas com depressão, ansiedade, Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) e outras doenças mentais. A psicóloga pede para que os familiares fiquem atentos ao isolamento, se é por conta das recomendações de saúde ou volta da doença. Em geral, conforme explica, são pessoas que possuem uma visão negativa de si e do mundo, o que pode ser agravado por conta da pandemia, por isso é importante conversar sobre as emoções e sentimentos, sendo claro sobre o que precisa saber, sem sentir vergonha na hora da abordagem.
“Quanto ao TOC, esse momento pode ser de gatilho, pois reforça a compulsão por lavar as mãos e os pensamentos obsessivos sobre uma potencial contaminação. Essas pessoas que têm TOC são as mais prejudicadas, pois acabam reforçando a ideia de ‘agora é necessário, viu como é importante lavar as mãos com frequência’, por isso é importante os familiares ajudarem a reconhecer o que é da doença e o que é da pandemia, para essa pessoa a encontrar o equilíbrio”, explica.
Aproveitando o tédio
Situações onde é preciso ficar em isolamento, tornam-se ótimas oportunidades para experimentar os sentimentos neutros, como por exemplo o tédio, que são importantes para o equilíbrio emocional. “Para passar da alegria para a tristeza, eu preciso passar pelo tédio, que é sentir o nada. Esse nada é diferente da depressão, que é falta do prazer, mas é um sentimento branco. Em dias que temos dias cheios, com muitas tarefas para serem realizadas, esse momento de isolamento acaba sendo importante para aprender a aproveitar o tédio, o ócio para qualidade de vida, quando você volta a olhar para você, cuida do seu corpo, passando um creme hidratante, por exemplo, arrumar sua casa e tantas outras atividades que há tanto tempo são proteladas”, finaliza.