Terça-feira às 06 de Maio de 2025 às 01:18:29
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Reconhecimento e suporte psicológico são os primeiros passos para tratamento de vícios

Psicóloga explica que vícios são adquiridos para amenizar ou fugir de emoções difíceis, fatores externos graves, tais como desemprego, mudança de padrão econômico, perda de ente querido

Reconhecimento e suporte psicológico são  os primeiros passos para tratamento de vícios
Um aumento no número de pessoas que possuem algum vício tem preocupado especialistas. De acordo com pesquisa feita em 2020 pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) cerca de 35% dos participantes que já fumavam passaram a fumar mais depois da pandemia. Desses, 5,1% fumam até 20 cigarros a mais. De acordo com o Ministério da Saúde, os atendimentos por uso de alucinógenos subiu 54% e sedativos em 50%. Já no estudo feito pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), 35% das pessoas com idades entre 30 e 39 anos relataram aumento no consumo de bebidas alcoólicas. 
 
Fátima Szinwelski de Oliveira (CRP PR 08/17018), psicóloga e mestre em Psicologia pela Universidade Federal do Paraná, explica que os vícios são maneiras encontradas de retirar ou amenizar uma dor emocional por meio do prazer momentâneo, mas que em contrapartida trazem consequências negativas para a vida do indivíduo em razão da perda de controle sobre o consumo. “Existem possibilidades infinitas de vício, uma vez que o que importa é a função do comportamento. Os vícios mais comuns para fugir ou se esquivar da dor estão relacionados ao uso abusivo de álcool, drogas ilícitas, psicofármacos e tabaco, bem como a compulsão por compras, sexo, trabalho, jogos de azar, pornografia, comida ou tecnologia. Não há um tempo específico para uma pessoa se viciar, pois isso depende da sua pré-disposição genética, da sua história de vida, das práticas culturais do ambiente em que ela vive do momento presente e da sua rede de apoio.”
 
Como o vício é adquirido para amenizar ou fugir de emoções difíceis, fatores externos graves, tais como desemprego, mudança de padrão econômico, perda de ente querido, entre outros podem influenciar em sua aquisição. A psicóloga explica ainda que a baixa tolerância à frustração, repertório restrito de comunicação, dificuldade de seguir ou impor limites, capacidade limitada de produção de prazeres saudáveis e rigidez psicológica também são considerados alguns fatores de risco emocionais.
 
“Assim, os vícios podem contribuir para diminuição progressiva da qualidade das relações familiares, uma vez que quem está com algum vício tende a, durante os excessos, não estar comprometido com as responsabilidades que assumiu diante da família. Os familiares podem tentar estabelecer limites e promover espaços em que atividades prazerosas saudáveis possam ser vivenciadas, de forma a serem concorrentes ao vício. Quando a pessoa perceber que está ‘passando da conta’ ou ‘diferente do seu habitual’ e que seu comportamento é excessivo e está trazendo prejuízos para si e para os outros, é hora de procurar ajuda profissional. A preferência é para equipes de saúde mental, especialmente através do acompanhamento com psicólogos e psiquiatras”, finaliza.