Sexta-feira às 18 de Julho de 2025 às 03:15:07
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Mães com crianças na neonatal são ouvidas e acolhidas pelas ações do Maio Furta-cor

Ao pai, também um texto objetivo para mostrar a importância de se envolver e exercer a paternidade

Mães com crianças na neonatal são ouvidas  e acolhidas pelas ações do Maio Furta-cor

Como parte da campanha Maio Furta-cor, voltada à Saúde Mental Materna, a Folha de Campo Largo, a psicóloga Juliane Gequelin e grupo de voluntárias estiveram presentes no Hospital do Rocio e no Hospital Infantil Waldemar Monastier.

O objetivo foi acolher as mães que passam momento de grande dificuldade ao estarem com seus bebês hospitalizados, alguns casos por meses estando diariamente no hospital. Em uma situação de fragilidade, a ideia era dar apoiar e orientação a estas mães, como também momento de relaxamento e uma conversa descontraída. Ao final, foram entregues alguns kits montados com apoio de empresas locais e mensagem temática.
Para concluir a série de matérias focadas no tema, um material da campanha voltado aos pais:

Pai, senta aqui. Precisamos conversar!
Querido pai, gostaríamos de iniciar nossa conversa com algumas perguntas: Você tinha bonecas quando era criança? Brincava de casinha ou fazia comidinha de mentira para seus chás da tarde?

É bem provável que sua resposta seja um sonoro “Não”. Talvez até um “Não” com um sorriso no canto da boca, como quem diz: “Que absurdo, é claro que não, por que eu brincaria disso?”.

A maioria dos pais cresceu com outras brincadeiras, normalmente as que desenvolviam habilidades nos campos da matemática, das ciências, dos esportes e da guerra. Isso diz muito sobre os pais que somos hoje, porque cuidar de filhos não é algo que já vem escrito em nosso DNA – a não ser as partes mais básicas do cuidado humano, as quais podem ser instintivas. Criar um filho, porém, é muito mais do que isso, porque envolve o cuidar.

Por mais que todos digam que as mães nasceram com a habilidade excepcional de cuidar de seus filhos, precisamos discordar dessa visão, porque meninos e meninas são socializados de formas diferentes. Portanto, quando meninos estão brincando de guerra, meninas estão brincando de casinha, e é justamente no brincar que mais se aprende quando criança, 15 que mais se experimentam as diversas possibilidades da vida.

As mães são aparentemente tão boas em criar filhos porque elas são treinadas dessa forma desde os primeiros anos de vida. E, por mais que isso possa soar romântico, também é uma prisão. Então, pensemos juntos: E se você brincasse de trocar fraldas de suas bonecas quando criança, de fazer comidinhas e chás, será que, para você, não seria mais “intuitiva” a paternidade? Por isso, ser pai (e apenas pai, sem nenhum adjetivo descolado) é um esforço diário e ativo de aprendizado e cuidado. É entender que cuidar é, de fato, um trabalho. E um trabalho trabalhoso.

Ser pai é constantemente pensar se o bebê está com frio ou calor, se está na hora de lanchar, se a fralda precisa ser trocada, se as roupinhas estão ficando apertadas e mais uma infinidade de percepções que requerem apenas uma coisa: presença. “Ah, mas eu já faço isso! Quando a mãe pede, eu faço na hora!”

E se ela parar de pedir? E se ela nunca mais pedir? As fraldas ainda seriam trocadas? Pensar e decidir sobre todas essas questões é uma carga invisível enorme, e não é porque você não consegue enxergá-la que ela não existe e que não seja pesada.

Nós, pais, podemos não ter aprendido sobre as belezas do cuidar quando éramos crianças, mas a chegada de um filho nos presenteia com uma nova oportunidade de aprender, com urgência, a exercer plenamente nossa paternidade.