Já existe previsão futura para ampliação do número de câmeras e o lançamento do projeto Câmera Cidadã na cidade
O Centro Integrado de Operações de Segurança Pública – o Ciosp – foi implantado em Campo Largo no ano de 2020, sendo de administração municipal. Atualmente a cidade conta com quase 100 câmeras em operação, junto de softwares de última geração, buscando sempre o que há de mais novo para incrementar o trabalho. O Ciosp tem funcionamento 24h, durante todos os dias do ano, com câmeras de alta qualidade, que permitem alta definição tanto no período do dia, como à noite, com contrato de manutenção para atendimento imediato.
O início se deu ainda em 2018, quando o comando da Guarda Municipal da época, junto do prefeito Marcelo Puppi (in memorian) e o secretário de Ordem Pública Samir Moussa, veio o interesse em fazer algo ligado à Segurança Pública de modo inovador. Foram realizadas viagens para São Paulo, na cidade de Indaiatuba – que é uma referência nesta área a nível nacional – e puderam ter o primeiro contato com a Muralha Virtual, com vários softwares.
Foram analisadas então toda a questão geográfica do município, incluindo a passagem da BR-277, que é uma rota do tráfico de drogas para distribuição e o interior de Campo Largo, analisando toda a parte estratégica. “Nunca pensamos em propaganda, mas sim em baixar os índices de criminalidade, aumentar a segurança na cidade e também das equipes que fazem parte da Segurança Pública, justamente porque o Ciosp é essencial do ponto de vista estratégico no combate ao crime”, explica o coordenador do Ciosp, o GM Arruda.
É justamente por envolver a parte estratégica e de inteligência, que permite a troca de informações seguras com a troca de informações por banco de dados que cruza com o Ministério da Justica, SESP/PR (Secretaria de Estado da Segurança Pública), com a Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Civil, Polícia Militar, Guardas Municipais de Campo Largo e da RMC e Defesa Civil do Estado e do Município e também com o Depen, que nem todas as operações realizadas no Ciosp são de conhecimento público.
Integração
A integração de todas essas equipes de segurança também aconteceu aos poucos e Campo Largo é considerada uma pioneira neste modus operandi. Há cidades que possuem a Muralha Virtual como sistema de monitoramento apenas, explica o GM Arruda. “Além de um sistema que tinha a inteligência, que opera para nós e nos aciona, também precisávamos do acesso de dados através de outras forças. No Sul do Brasil, Campo Largo foi a primeira cidade a ter a Muralha Virtual com a Inteligência Artificial, que é o reconhecimento. É uma muralha mesmo, com todos os pontos da cidade cobertos”, enfatiza.
O primeiro contato foi com a SESP/PR, por meio da Polícia Militar, entraram com a parte de inteligência, seguido do Ministério da Justiça, que tem acesso a todos os bancos de dados, Polícia Federal e Detran, tendo acesso a imagens de outras cidades para utilizar em operações e elucidações de crimes. “Nós não recuperamos somente carros. Nós combatemos e solucionamos todos os crimes que dependem de um veículo para acontecer, o que compreende mais de 90% das situações, que envolvem desde um descumprimento de determinação judicial de Medida Protetiva de Lei Maria da Penha, por exemplo, até casos de tráfico de drogas e homicídios”, diz.
Com esse cruzamento de informações, é possível então verificar além das adulterações, situações de multas e pagamentos de impostos atrasados, entre outras situações que o sistema aciona automaticamente, sem precisar de qualquer cadastro. Como o sistema trabalha praticamente sozinho, há tempo para que os operadores verifiquem, por meio de câmeras de longo alcance e definição, situações de crimes que podem acontecer, inclusive golpes próximos a agências bancárias e mesmo a movimentação normal do dia-a-dia, buscando atitudes suspeitas, assédio sexual, entre outros. Caso verifique uma situação suspeita, já são acionadas as forças de segurança, para que faça o procedimento necessário.
Tecnologia e cuidado
O cuidado para evitar invasão de hackers ao sistema também é máximo, tornando o Ciosp um meio extremamente seguro para troca de informações.
“Há coisas que podemos revelar do sistema, um exemplo é que se o marginal se sente seguro ao trocar ou adulterar uma placa, arrancar ela, fazer manobras arriscadas, se engana, porque o sistema aciona e chama ainda mais atenção da equipe que está trabalhando, e acabamos conseguido capturar”, descreve.
Projetos futuros
“A intenção agora é expandir o sistema para outros bairros, como Cercadinho, Guarany e Rondinha. Em Balsa Nova terá uma muralha também, que seguirá o mesmo sistema cobrindo toda a cidade, e que trabalhará dentro do Ciosp em Campo Largo, ficando cada vez mais forte o trabalho em conjunto”, ressalta.
Outro projeto bastante interessante é a Câmera Cidadã, que está na Procuradoria Geral do Município, em trâmite para ser lançado, a princípio, ainda no primeiro semestre de 2023. “Qualquer cidadão que tenha uma câmera IP (que permite o acesso e envio de imagens) voltada para a rua, seja residencial ou comercial, pode contribuir conosco por meio de um termo de autorização. Se alguma situação acontecer naquela região, nós conseguimos ter acesso às imagens. Caso as imagens não fiquem disponíveis via internet, temos outro termo que essa pessoa disponibiliza essas imagens ao Ciosp”, explica.
Essas imagens das câmeras voltadas para a rua e que são feitas a partir das residências e comércios não são divulgadas pelo Ciosp e não há vazamento de dados para a imprensa ou redes sociais, por exemplo, tornando-se completamente seguro e também não causará danos ao equipamento.
Casos elucidados
A Prefeitura de Campo Largo divulgou que nesta segunda-feira (27/02), uma quadrilha especializada em furtos a residências foi detida através da fiscalização da Muralha Virtual. A quadrilha atuava em toda a Região Metropolitana de Curitiba e também no interior do Paraná, na divisa com o estado de Santa Catarina. A chefe da quadrilha, uma mulher (33), já conhecida pelo seu histórico entre as forças policiais, atuava desde 2021, quando duas residências foram assaltadas na capital paranaense. No ano passado, após furto de uma residência em Campo Largo, a quadrilha foi identificada pelas câmeras do Ciosp e a mesma começou a ser monitorada. Em agosto de 2022, a quadrilha retornou ao município e foi abordada antes de cometer outro furto.
A chefe da quadrilha possuía mandado de prisão em seu desfavor pelo crime de furto qualificado. Durante o levantamento de informações da quadrilha, foi constatado, no início de 2023, que a mesma quadrilha havia tentado um furto a residência no município de Rio Negro-SC. No último dia 25/01, a quadrilha retornou para Campo Largo e novamente foi interceptada pelo sistema da muralha virtual. Integrantes foram encontrados pela Guarda Municipal e tentaram fugir. Todos os cenários e movimentos foram registrados pelo CIOSP e um membro da quadrilha foi detido.
Com o trabalho integrado entre as Forças de Segurança do Estado, dados informaram que a quadrilha, agora, estava operando rumo ao interior do Paraná. Os demais integrantes foram presos no município de Irati-PR - dois homens e a chefe da quadrilha, a mulher, de 33 anos de idade.