Um morador da região do Retiro relatou à Folha que no último domingo (13), encontrou duas cobras corais verdadeiras. Essa foi a segunda vez que cobras-corais aparecem em sua propriedade e das duas vezes ele comentou que simplesmente as deixou ir, não capturando ou matando os animais.

A Folha conversou com Viviane Janz Moretti, diretora da Vigilância em Saúde de Campo Largo, que explicou que Campo Largo possui muitas áreas de preservação, inclusive dentro da área urbana, o que faz com que tenha a circulação de diversas espécies de animais silvestres. “De maneira geral, nós estamos no habitat desses animais e precisamos aprender a conviver com a presença deles, sem tentar uma aproximação. Caso algum animal peçonhento seja encontrado na residência, é importante comunicar a Vigilância. Dessa maneira conseguimos orientar a população pontualmente, pois nem sempre será orientada e procedida com a retirada do animal. Esse em questão é uma Micrurus, ou seja, uma cobra-coral-verdadeira, e é uma espécie que circula na região do Retiro, sendo comum lá. Apesar de terem um veneno muito potente, são animais pouco agressivos e que representam um percentual menor de acidentes.”

Viviane instruiu ainda sobre o que fazer caso uma cobra seja encontrada dentro de casa. Alertou que exige cuidados maiores, mas sempre se deve entrar em contato com a Vigilância em Saúde. “Caso não seja peçonhento, a situação é repassada à Secretaria de Meio Ambiente para manejo. Se for peçonhento, procedemos com a orientação e retirada. Aos finais de semana o Corpo de Bombeiros pode auxiliar na retirada do animal. Caso ele esteja em ambiente externo, sempre orientamos que não seja realizada a aproximação de pessoas e animais domésticos e que aguardem ele ir embora. Caso não aconteça, será necessário acionar os órgãos competentes”, completa.

Questionada sobre outros animais, ela explica que em caso de escorpiões é preciso monitorar as espécies circulantes no município, assim, sempre solicitam que a população capture o animal com um pote transparente. Caso não seja possível, é importante que fotografe o animal e entre em contato com o setor para identificação e orientação. Se a situação envolver morcegos, é necessário acionar o departamento em todas as ocasiões em que o animal entre nas residências ou que caia no terreno, principalmente quando for de maneira diferente do habitual, como durante o dia. Orienta para que seja colocado um balde sobre o animal, ou o feche no cômodo onde ele está e a Vigilância em Saúde fará a retirada.

Sobre as aranhas, Viviane diz que neste período há redução de aranhas marrons, uma das espécies mais comuns na região, ocasionando menos acidentes, mas o cuidado deve ser mantido. “Sempre olhe as roupas e sapatos antes de vestir, roupas de cama antes de deitar e vistorie os brinquedos das crianças. Evitar manter materiais inservíveis acumulados; limpe sempre atrás de quadros e móveis que possam ser arrastados e ao mexer no jardim, usar luvas e botas. Essas dicas valem para prevenir acidentes com escorpiões também”, orienta.

O que fazer em caso de acidentes
Em caso de acidentes, Viviane orienta que o paciente busque sempre o atendimento médico. “Em casos mais graves como acidentes com serpentes, o ideal é ir para a UPA, pois pode ser necessária a administração rápida de soro. Para os casos de menor risco, os pacientes podem procurar a Unidade de Saúde da sua região. O soro precisa ser feito em ambiente hospitalar, os demais atendimentos podem ser realizados nas Unidades. Se possível, levar o animal ou pelo menos uma foto de qualidade dele, pois ajuda no processo de definição do protocolo de atendimento. Em 2024, até o momento, recebemos 49 notificações de acidentes com animais peçonhentos, sendo na sua maioria com aranhas”, ressalta.

Não utilize remédios caseiros nas picadas, sempre procure atendimento médico para evitar complicações.

Há como prevenir o aparecimento?
Viviane esclarece que acaba sendo impossível impedir que um animal apareça no terreno ou em residência. “Porém é possível minimizar o risco do aparecimento deles. Manter a limpeza e organização do terreno, não acumular materiais inservíveis e plantas folhosas”, diz.
“Na maioria das vezes, quando encontramos um animal como este, eles ficam com mais medo de nós do que nós deles, e é nesse momento que o acidente pode acontecer. Manter a calma é muito importante, para podermos agir de forma racional e evitar o acidente”, finaliza.

Serviço: em caso de acidentes ou precisar informar sobre aparecimento de animais peçonhentos, entre em contato pelo (41) 99515-0086 (WhatsApp). Nos finais de semana: 193.