A nova rodada da pesquisa Quaest, em parceria com a Genial Investimentos, mostra que a desaprovação do governo Lula chegou a 57%, o maior patamar desde o início do terceiro mandato. A aprovação caiu para 40%, também o menor índice da série histórica.
Apesar da estabilidade nos números, o contexto político mudou. O governo anunciou e começou a implementar medidas que contam com 79% de aprovação entre quem as conhece, mas cerca de 60% da população ainda desconhece essas ações. Esse desequilíbrio entre a ação e percepção tem dificultado os avanços na avaliação do governo.
Mas por que a desaprovação do governo Lula continua alta?
O principal fator que explica essa contradição entre melhora econômica parcial e alta desaprovação do governo Lula tem a ver com o ambiente informacional. A quantidade de notícias negativas sobre o governo foi mais do que o dobro das positivas no período. E entre os temas negativos mais lembrados está o escândalo do INSS.
Quando estimulados, 82% dos brasileiros reconheceram o caso do INSS, que envolveu suspeitas de desvio de recursos. A repercussão foi duas vezes maior que a das políticas públicas anunciadas. Além disso, 31% responsabiliza diretamente o governo Lula pelo escândalo, contra apenas 8% que culpam o governo anterior.
Outro ponto de atenção está na imagem do próprio presidente. Para muitos brasileiros, o governo Lula 3 é pior do que os mandatos anteriores do próprio Lula e também do governo Bolsonaro. Isso reforça uma quebra de expectativa que tem minado a recuperação da avaliação positiva.
A percepção geral sobre os rumos do Brasil também é negativa. 61% acreditam que o país está indo na direção errada, contra 32% que dizem o contrário. A desilusão com o desempenho do governo começa a atingir diretamente a imagem pessoal de Lula.
Hoje, 48% dos brasileiros acreditam que Lula não é bem-intencionado, e 70% dizem que ele não cumpre as promessas de campanha. Esse é um dado simbólico, pois atinge diretamente o principal capital político do presidente: sua relação com o povo.
Pontos positivos
Um dos pontos positivos da pesquisa é a melhora na percepção econômica. A avaliação de que a economia piorou caiu de 56% para 48% entre março e maio. Esse movimento está diretamente ligado à queda na percepção de alta dos preços, principalmente de alimentos e combustíveis.
A percepção de alta nos preços dos alimentos caiu de 88% para 79%, e a gasolina deixou de ser apontada como um problema por 70% para 54% da população. Esses dados sugerem uma leve recuperação na confiança da população quanto à estabilidade econômica do país.
Metodologia
A Quaest ouviu 2.004 pessoas presencialmente em 120 municípios entre os dias 29 de maio e 1º de junho de 2025. A margem de erro máxima estimada para os totais da amostra é de 2 pontos percentuais e o nível de confiança é de 95%.