18-11-2010
O ex-porteiro Leonardo Campos Alves, 44 anos, apontado pela Polícia Civil do Distrito Federal como autor do assassinato do ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) José Guilherme Villela, de 73 anos, de sua mulher Maria Villela, de 69, e da empregada Francisca do Nascimento, de 58, contou em entrevista detalhes sobre os crimes. Alves chegou a Brasília às 13h10 desta quarta-feira (17).
Leia trechos da entrevista.
Quem matou o ex-ministro do TSE, José Guilherme Villela?
Leonardo Campos - Eu dei a primeira facada no dr. Guilherme. A princípio a gente foi só para roubar, não fomos lá para matar ninguém. Ele foi o primeiro. Encontramos ele fora do apartamento e quando ele abriu empurramos ele para dentro. A princípio, não tínhamos arma nenhuma. Pegamos a arma dentro da casa dele. Duas facas de cozinha. Maria e Francisca também estavam fora do apartamento. Eles não gritaram. Nós acertamos o dr. Villela nas costas, eu dei a primeira facada. Ele ficou inconsciente. Depois na saída o rapaz que estava comigo foi conferir se ele estava morto ou vivo e deu as outras facadas nele. A partir da hora que eu entrei no apartamento já sabia que estava fazendo coisa errada.
E quem foi a segunda vítima?
Leonardo - A esposa do dr. Villela foi a segunda. Quando ela entrou no apartamento ela não viu que ele já tinha sido atingido na cozinha. Quando ela viu ele, nós já estávamos dentro do apartamento. Não teve planejamento nenhum [para o crime]. Foi no dia que eu fui pedir emprego para ele. Pelo tratamento dele. Eu também já vinha passando por problemas. No final da tarde, ele [o comparsa, sobrinho da ex-mulher] disse para a gente fazer isso. Eu falei que o dr. Villela era uma pessoa rica, que poderia ajudar.
Quem entregou os objetos de valor?
Leonardo - Dona Maria deu R$ 500 e R$ 27 mil em joias. A gente não negociou, ela nos deu. Eu por não ter experiência em assalto e roubo não sabia negociar. Ela foi dando e nós aceitamos. Nós voltamos para Montalvânia no mesmo dia e na mesma hora, porque a família da minha ex-mulher mora lá.
O senhor fugiu para Montalvânia (MG) no dia do crime?
Leonardo - Eu não fugi. Eu vim procurar emprego e voltei no mesmo dia. Saí do apartamento e fui para a rodoviária.
Vocês trocaram de roupa? Não foram vistos por ninguém?
Leonardo - Nós não trocamos de roupa. Eu sei o acesso de sair do prédio e fui trocar a roupa na rodoviária. Eu tinha vindo para procurar trabalho. As roupas não estavam sujas de sangue.
Quando o senhor encontrou com José Villela naquele dia?
Leonardo - Pela parte da manhã eu tinha visto ele e no decorrer do dia.
O senhor ficou com alguma das joias roubadas do apartamento da família Villela?
Leonardo - O ourives comprou tudo porque eu não tinha conhecimento do que era ouro. Fiquei com o dinheiro, mas já gastei tudo.
Como a polícia chegou até o senhor?
Leonardo - Não sei como a polícia chegou até mim. Nunca falei para ninguém [sobre o crime].
Mas o senhor já havia prestado depoimento, por ser ex-funcionário do prédio?
Leonardo - Prestei depoimento duas vezes em Brasília. Não contei nada à polícia nos depoimentos. Tive medo. Fui intimado meses depois a dar dois depoimentos e vim a Brasília dar esses depoimentos. Eu estava em Montalvânia o tempo todo.
O senhor retornou ao local do crime?
Leonardo - Eu nunca mais voltei lá.Confira também
Porque o senhor resolveu confessar o crime?
Leonardo - Resolvi confessar porque ouvi a voz da minha filha que estava na delegacia.
O senhor se arrependeu?
Leonardo - Muito.
Houve mandante para o crime?
Leonardo - Não houve mandante para o crime. Esse foi o meu primeiro crime. Eu sempre fui pessoa que trabalhou e pedi indenização para o condomínio de R$ 34 mil, talvez tenha sido isso [o motivo do crime].
Como o senhor acha que será a sua vida a partir de agora?
Leonardo - Meu futuro agora é que já estou aqui e fiz isso pela primeira vez, o que eu posso fazer?
O senhor não se sentia mal por outras pessoas terem sido presas pelo crime?
Leonardo - Por morar no interior eu não sabia sobre o crime, só soube que a Adriana foi presa e a cartomante e vi a última entrevista da Adriana. Eu senti por elas. Nunca fui bandido e nem marginal, senti remorso, dor. Nunca tive contato com a Adriana.
Fonte: Hoje em dia Notícias