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Opinião

Dois dias sem aula e os pais ficam quase loucos

Dois dias sem aula e os pais ficam quase loucos

30/03/2012

Os professores têm todo o direito de paralisar as suas atividades para pressionar o prefeito a dar um percentual maior, no reajuste dos seus salários. Afinal, são eles os responsáveis pela educação e a cultura das próximas gerações de campo-larguenses. O prefeito, por sua vez, tem todo o direito, e dever, de segurar ao máximo, os recursos, até para não ultrapassar os limites legais. Dois dias, as crianças em casa, entretanto, foram uma dor de cabeça para os pais. Primeiro para os que não têm com quem deixar os pequeninos, que deveriam estar na escola. Pais que trabalham, dificilmente encontram algum parente, nessas emergências. Os que ficaram com as crianças em casa (as mães), tiveram que enfrentar uma rotina tumultuada, um problema a mais.

Para nós, os pais, os professores deveriam ganhar salários compatíveis com a importância do trabalho que desenvolvem. Hoje, servidores públicos que fazem muito pouco, ganham salários muito altos, se comparados aos dos professores, salários até dez, vinte vezes maiores do que estes dados aos mestres dos nossos filhos. E não atentamos para a importância da profissão de professor. Talvez seja esta a mais importante profissão porque, como os religiosos, e como os pais, eles ajudam a moldar o caráter, o conhecimento, o gosto pelos estudos, o respeito aos seus semelhantes, o respeito à Natureza. E o salário, como dizia Chico Aníso, “Ó”.

Não, não é culpa do prefeito, ou do governador atuais. A culpa é nossa, da sociedade, que nos últimos 50 anos viu a profissão de professor ser despezada, relegada a uma sub-profissão, com salários cada vez menores, aviltantes. Vimos centenas, milhares de professores, deixarem a profissão, e muitos milhares de outros nem entrarem, por causa dos salários. Não compensa você se dedicar tanto, e não ser reconhecido, não ser respeitado. O professor deveria ganhar o que ganha, hoje, um parlamentar, por exemplo. Em Campo Largo, um vereador vai ganhar R$ 16 mil por mês, apenas para exemplificarmos. É uma função importante? É! Mas será que é mais importante do que a função de professor, aquele que vai moldar o caráter, transferir conhecimento, ensinar os nosso filhos, formar as novas gerações?

Há algo errado, sim, no Brasil. E enquanto erros tamanhos, como este, não forem enfrentados de frente, pela sociedade, não poderemos sequer pensar em desenvolvimento econômico, em justiça social, em mais Saúde, Segurança, em uma nova sociedade, capaz de encontrar os caminhos, para a sua própria sobrevivência.