“Nunca nos despedimos quando somos unidos pela fé e pelo ideal. Por onde passar deixe saudades e as portas abertas” – trecho da carta do Marcelo ao filho Christiano, vista apenas após a morte do pai
Foto: Bruno Zotto
07 de janeiro de 2021. Esse foi o dia em que o então prefeito Marcelo Puppi não resistiu mais às complicações em decorrência da Covid-19. Após um ano de sua perda, seu nome ainda se faz muito presente e permanecerá na história da cidade. Em homenagem a ele, foi celebrada uma missa pelo Padre João Chemin na Igreja da Rondinha, às 16 horas desta sexta-feira (07).
Marcelo deixou três filhos - Christiano Souto Puppi, Newton Puppi Neto e João Pedro Puppi. A Folha conversou com Christiano - que também é o atual secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Assuntos Metropolitanos - sobre este primeiro ano sem o Marcelo. Segundo ele, começa a se ver o tamanho da importância e como a pessoa era querida quando são os outros que vêm pedir consolo pela perda. “Pessoas que eu não fazia ideia e vemos o quão amado e querido ele era. Isso causa um preenchimento no coração. Recebi mensagem de todos os Estados do Brasil, o que pra mim foi fantástico. Uma das realizações do meu pai, e que ele sempre falava, era que em qualquer estado do Brasil pelo menos teria uma refeição pra comer e uma casa pra dormir, porque tinha amigos e portas abertas em todos os cantos”, declara o filho.
Amor
Christiano comenta que o Marcelo sempre os ensinou a deixar marcas por onde passarem. “Onde ele foi, onde ele viveu, ele deixou marcas. Era muito inteligente, com uma escrita maravilhosa. Onde fosse sabia expor suas ideias, era muito claro, com poder de oratória, de convencimento. A opinião dele sintetizava de um modo muito simples e com uma absoluta paixão. E trouxe para política e administração pública isso. Tinha uma grande satisfação de concretizar seus projetos. Defendia com mais absoluta paixão o que ele acreditava. Tinha amor pelo que fazia, era apaixonado pelo trabalho, projetos, missões e estudos”, conta Christiano, argumentando porque ele se diferenciava tanto por onde passava.
Até mesmo vira assunto de piada o quanto Marcelo se orgulhava ao falar do que é produzido aqui, por onde ele ia. “O amor que ele tinha por Campo Largo, sempre defendia a cidade e valores. Isso sintetizava ele. Valorizava a terra dele onde fosse, a missão era levar o nome da cidade pra fora”, completa.
Com tamanho conhecimento, Marcelo recebeu propostas financeiras melhores do que se candidatar novamente a prefeito, mas decidiu politicamente ficar em Campo Largo. “Falava que nasceu e viveu a vida inteira para Campo Largo, então eleito prefeito não poderia desistir disso e quis ser candidato de novo. Queria fazer diferença aqui mesmo.”
Com a reeleição e ao ser contaminado pela Covid-19, Marcelo acabou tomando posse dentro da UTI do Hospital do Rocio. “O ato da posse foi o momento mais emocionante que vivi. Ele começou a chorar e todos ali se emocionaram. Tenho a lembrança muito viva. Ele foi muito cuidadoso em toda campanha eleitoral, inclusive era contrário à realização de uma eleição na pandemia devido ao risco que todos estavam expostos e acabou acontecendo isso com ele”, lamenta.
Carta de despedida
Antes de assumir como secretário em Campo Largo, Christiano trabalhava em Brasília e durante a primeira visita do seu pai lá, em junho de 2019, acabou deixando junto com algumas coisas uma carta, que o Christiano não viu e só foi encontrar quando decidiu voltar para Campo Largo, mas quando o pai já não estava mais presente. Uma carta que o emocionou muito e mesmo meses depois ficou muito atual para ele, na qual fica registrada a essência do seu pai. Segue na íntegra:
“Filho amado... Sigo com a certeza de que você virou um homem que nos dignifica. Nunca nos despedimos quando somos unidos pela fé e pelo ideal. Faça a diferença. Aproveite. Seja feliz com as bênçãos de Deus. Por onde passar deixe saudades e as portas abertas. Beijo e obrigado grande Chris.”