Terça-feira às 13 de Maio de 2025 às 07:08:23
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Pais devem ficar alerta para sinais de cortes em adolescentes

A Folha recebeu uma sugestão de pauta de uma pedagoga de um colégio estadual no município, pedindo para tratar sobre esse assunto, já que essa prática estava atingindo vários estudantes. Psicóloga esc

Pais devem ficar alerta para sinais de cortes em adolescentes

De um tempo para cá, parece que a prática de cortar os braços e pernas se tornou algo quase comum para adolescentes na faixa dos 13 aos 17 anos. Algumas séries e novelas retrataram essa situações, na tentativa de chamar atenção dos pais para um problema que pode ser comum, mas não é normal. Em abril deste ano, o mundo todo voltou seus olhos para esses adolescentes por causa da prática do jogo Baleia Azul. A febre passou, mas a prática continua entre milhares de adolescentes.

Recentemente, a Folha de Campo Largo recebeu uma sugestão de pauta enviada por uma pedagoga de um colégio estadual do município, pedindo para tratar sobre esse assunto, já que essa prática estava atingindo vários estudantes do local que trabalha. Isso independente do sexo, tanto meninos como meninas fazem os cortes. A Redação conversou com a psicóloga Éllen Martins, que explicou um pouco sobre essa situação. “O ato de automutilar-se é uma prática, infelizmente, comum entre os adolescentes. Em sua maioria, essa prática é feita para aliviar dores emocionais provocando dores físicas e tendo o controle da situação. Isso pode ser também uma forma de punição.”

Segundo a psicóloga, a adolescência é uma fase de muitas mudanças, que fazem com que os novos jovens estejam com os hormônios a flor da pele, e também de cobranças que não eram comuns quando ainda eram crianças. “Veja bem, é quase uma mudança repentina, do dia para a noite eles deixam de ser crianças, que apenas brincavam e iam para a escola e começam a se tornar jovens que precisam ir bem na escola, escolher uma profissão, quem sabe arranjar um emprego, conseguir bons resultados em provas como Enem e vestibulares. Há uma sobrecarga muito grande. Além disso, há muitos pais que também enfrentam dificuldades em ter uma conversa aberta com seus filhos, o que os afasta ainda mais”, diz Éllen.

Algumas vezes, a prática chamada de cutting, originária na Inglaterra há mais ou menos três anos, pode estar ligada a problemas mais graves, como bullying, depressão, mudanças muito bruscas e casos de agressão e abusos, tanto moral como sexual. O adolescente pode também querer chamar atenção, ou copiar os colegas que estão fazendo algo parecido, pois quer se adequar ao grupo. O principal indício é o distanciamento da família e começar a usar somente calças e blusas de mangas longas, mesmo no calor intenso.

 

Para evitar que o caso se agrave é necessário que o adolescente receba orientação médica e psicológica, para aprender a administrar seus sentimentos e emoções. “Caso o pai descubra que o seu filho está se envolvendo com pessoas que realizam essa prática, não deve afastá-lo, pois essa pessoa pode estar precisando de ajuda e passando por momentos realmente complicados para ela. O ideal é sempre conversar e orientar o adolescente para que ele ajude o amigo a buscar alguém de confiança, que possa estender a mão. Afastar, como proibir de sair, proibir qualquer tipo de contato pode gerar rebeldia ou fazer com que a prática comece ou persista”, aconselha Éllen.

Em casos mais avançados, o adolescente pode inclusive tentar cometer suicídio ou iniciar o uso de bebidas alcoólicas e drogas pesadas, com a tentativa de ter uma overdose. “Esses cortes nunca podem ser levados como algo irrelevante, deve sempre ser tratado pelos pais e pela escola também como algo que merece atenção e precisa ser tratado. Na escola é possível realizar palestras e abrir espaço para apoio a esse adolescente. Muitas vezes o adolescente se vê isolado ou distante de uma solução, pois algumas vezes o problema está em casa”, alerta.

Síndrome de Borderline

A Síndrome de Borderline, também conhecido como transtorno de personalidade limítrofe, é caracterizado como uma instabilidade muito grande de emoções. As pessoas diagnosticadas com essa síndrome não conseguem controlar suas emoções, as quais têm caráter muito intenso. Em geral, essas pessoas costumam ser muito apegadas, não conseguem manter estabilidade no emprego e em relacionamentos amorosos e amizade.

De acordo com a psicóloga, as pessoas que possuem essa síndrome podem realizar cortes nos braços e nas pernas, a fim de ter a sensação de que está no controle daquela situação. Nesse caso, é necessário um diagnóstico médico, acompanhamento psicológico e tratamento que pode mesclar as terapias e medicamentos. Hoje, com o avanço de pesquisas e opções de tratamentos, já se fala em controle e cura da síndrome.